sexta-feira, 24 de julho de 2009

ORAÇÃO DA ESCOLA

Minha singela homenagem aos incríveis alunos e alunas da Escola Poeta Patativa do Assaré . Tive a honra de dividir convivencia de agosto 2005 a maio de 2009.



Oração da Escola

Gabriel Chalita

Obrigado, Senhor, pela minha escola!

Ela tem muitos defeitos. Como todas as escolas têm. Ela tem problemas, e sempre terá. Quando al­guns são solucionados, surgem outros, e a cada dia aparece uma nova preocupação.

Neste espaço sagrado, convivem pessoas muito diferentes. Os estudantes vêm de famílias diversas e car­regam com eles sonhos e traumas próprios. Alguns são mais fechados. Outros gostam de aparecer. To­dos são carentes. Carecem de atenção, de cuidado, de ternura.

Os professores são também diferentes. Há alguns bem jovens. Outros mais velhos. Falam coisas dife­rentes. Olham o mundo cada um à sua maneira. Alguns sabem o poder que têm. Outros parecem não se preocupar com isso. Não sabem que são líderes. São referenciais. Ou deveriam ser.

Funcionários. Pessoas tão queridas, que ouvem nossas lamentações. E que cuidam de nós. Estamos juntos todos os dias. Há dias mais quentes e outros mais frios. Há dias mais tranqüilos e outros mais tumultuados. Há dias mais felizes e outros mais do­lorosos. Mas estamos juntos.

E o que há de mais lindo em minha escola é que ela é acolhedora. É como se fosse uma grande mãe que nos abraçasse para nos liberar somente no dia em que estivéssemos preparados para voar. É isso. Ela nos ensina nossa vocação. O vôo. Nascemos para voar, mas precisamos saber disso. E precisamos, ain­da, de um impulso que nos lance para esse elevado destino.

Não precisamos de uma escola que nos traga todas as informações. O mundo já cumpre esse pa­pel. Não precisamos de uma escola que nos transfor­me em máquinas, todas iguais. Não. Seria um crime reduzir o gigante que reside em nosso interior. Seria um crime esperar que o vôo fosse sempre do mesmo tamanho, da mesma velocidade ou na mesma altura.

Minha escola é acolhedora. Nela vou permitin­do que a semente se transforme em planta, em flor. Ou permitindo que a lagarta venha a se tornar bor­boleta. E sei que para isso não preciso de pressa. Se quiserem ajudar a lagarta a sair do casulo, talvez ela nunca tenha a chance de voar. Pode ser que ela ain­da não esteja pronta.

Minha escola é acolhedora. Sei que não apreen­derei tudo aqui. A vida é um constante aprendizado. Mas sei também que aqui sou feliz. Conheço cada canto desse espaço. As cores da parede. Os quadros. A quadra. A sala do diretor. A secretaria. A bibliote­ca. Já mudei de sala muitas vezes. Fui crescendo aqui. Conheço tudo. Passo tanto tempo neste lugar. Mas conheço mais. Conheço as pessoas. E cada uma de­las se fez importante na minha vida. Na nossa vida.

E, nessa oração, eu te peço, Senhor, por todos nós que aqui convivemos. Por esse espaço sagrado em que vamos nascendo a cada dia. Nascimento: a linda lição de Sócrates sobre a função de sua mãe, parteira. A parteira que não faz a criança porque ela já está pronta. A parteira que apenas ajuda a criança a vir ao mundo. E faz isso tantas vezes. E em todas às vezes fica feliz, porque cada nova vida é única e merece todo o cuidado.

Obrigado, Senhor, pela minha escola! Por tudo o que de nós nasceu e nasce nesse espaço. Aqui, posso te dizer que sou feliz. E isso é o mais importante. Amém!


3 comentários:

Socorro Pinheiro disse...

Henrique, recordar é viver! Você vai fazer muita falta por aqui. Mas não deixe de nos visitar. Se você tiver este vídeo em .mpeg ou .WMV e puder me enviar, a nossa escola agradeceria. Acho que não temos em nosso arquivo. Um abração!!!

Henrique Gomes de Lima disse...

Oi querida!
Saudades. Cuidem bem do Patativa.
Vou procurar procurar fazer a conversão.
Lembranças a todos.

Unknown disse...

Boa noite Professor, parabéns pelo seu dia...
estava procurando uma imagem de professor e gostei da mandala, ainda não sou professora, ou melhor não estou... foi um prazercongecer seu blog, caso queira trocar conversas, fique a vontade, afinal não me apresentei..
Sou Ana Maria, moro em Itu-SP, minha terra não se praias, mas o sol é o mesmo então... tem por-do-sol, gde abraço Ana.
trigoamt@gmail.com