sexta-feira, 24 de julho de 2009

O olho que observa

As relações-mundo vistas através da arte – o Filme Tempos Modernos


Henrique Gomes de Lima


"A técnica é a grande banalidade e o grande enigma,

e é como enigma que ela comanda nossa vida,

nos impõe relações, modela nosso entorno,

administra nossa relação com o entorno".


Santos, Milton. Técnica Espaço e Tempo. Ed. Hucitec,1994.



Perceber como se processam as relações entre as sociedades e o espaço por elas produzido, não é algo fácil, ainda mais quando estamos sujeitos a um conjunto de regras e processos sociais que se interiorizaram e se entranharam em nossas ações conscientes e subconscientes. Tal idéia é encontrada na literatura sob a denominação de modo de regulamentação.

Esse cabresto (regulamentador) que nos amarra foi muito bem percebido e analisado de maneira simples e artisticamente trabalhada através do filme Tempos modernos do cineasta e ator Charlie Chaplin. Tendo a sociedade industrial capitalista como tema central, sua análise crítica consegue perceber e mostrar todo o cunho ideológico e bem como as características presentes no Capitalismo e no espaço por ele produzido.

Ao retratar o sistema fabril, o filme expõe toda a agonia que a maioria oprimida da classe trabalhadora vive nos ditos tempos modernos (o filme data de 1936!). Em nada comparada à visão de sociedade dos socialistas utópicos do século XVIII, onde saúde e ensino para todos, direitos iguais para homens e mulheres, o fim da propriedade privada, da moeda e do lucro seriam as características para uma sociedade ideal.

O sistema fabril visto no filme é em suma o resultado da implantação das pesquisas de F.W.Taylor. Foi ele que dedicou-se a criar um sistema capaz de reduzir o tempo de trabalho empregado na fabricação das mercadorias. Decompondo o processo produtivo nas suas atividades elementares, reorganizou-as de modo a extrair o máximo de trabalho no menor tempo possível.

Retratam-se também as técnicas desenvolvidas a partir da década de 1920, com Henry Ford e sua organização do trabalho fabril levando-o a uma expansão do consumo na época jamais vistos. Ford concebeu o sistema da linha de montagem no qual permanecem em postos fixos enquanto uma correia transportadora move as peças. A linha de montagem especializou os operários na realização de operações simples e repetitivas, eliminando a necessidade de habilidades especiais. A meta do inovador era a de simplificar a produção de tal forma que ela pudesse ser fragmentada em movimentos que o indivíduo mais estúpido pode aprender a executar em dois dias.

Associada a essa prática vinha a construção de um novo sistema de reprodução da força de trabalho, de uma nova política de controle e gerencia desse trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia nas relações sociais. São essas novas relações que se fazem presentes na exploração do homem pelo o homem. Na frieza dos relacionamentos e bestialização das idéias.

*Apesar da declaração de Chaplin – Meu objetivo principal com esse filme é ... divertir --, em realidade, ao tomar-se Tempos modernos como ponto de partida para uma reflexão sobre a condição do homem na contemporaneidade, extrapola-se o objetivo do filme como simples diversão. “O doce vagabundo, um espírito lírico oprimido no mundo do dinheiro e da violência, tinha o trunfo de não precisar falar; sua agilidade e esperteza compensavam a mudez e a comovedora miséria. Quando os diálogos chegaram às telas, não faria sentido submeter Carlitos a mais essa imposição dos tempos modernos.” O filme ironiza, numa barafunda sonora de engrenagens e vozes indistintas, a era da pressa, da ansiedade e de uma crise econômica e social.

Para um público não muito preparado, Tempos modernos despertou reações negativas: a mudez, um atraso; as piadas, sem graça; a crítica, uma tendência para a esquerda, comprometedora. Até a cena em que Carlitos pega inadvertidamente uma bandeira vermelha que cai de um caminhão e é seguido, como se líder fosse, por uma multidão de operários, é incompreendida como manifestação de ironia no que toca à credulidade das massas num período de grande recessão, e interpretada como manifestação de adesão ao Comunismo.

O confronto de Carlitos com a robotização de uma linha de montagem, numa crítica severa ao fordismo, pareceu, contraditoriamente, oposição ao progresso. Nem o lirismo, que atinge o clímax no romance com a bela moça (Paulette Godard), outra discriminada e perseguida, ou o humor – as gostosas confusões na fábrica, numa loja de departamentos, num restaurante –, que perpassam todo o filme suavizam a postura intransigente dos expectadores. Parece óbvio afirmar que, hoje, Tempos modernos é considerado obra-prima, resultado de uma óptica genial da época, que se pode considerar atual, como rica fonte que estimula pensar a contemporaneidade.

Para alguns observadores, Carlitos o proletário é ainda um homem que tem fome; as representações da fome são sempre épicas: tamanho desmedido de sanduíches, abundância de leite, frutos que se jogam fora negligentemente, apenas mordidos. Por ironia, “a máquina de comer”, de essência patronal, só fornece alimentos em série e visivelmente em processo de deterioração. (*www.conselhominerva.ufrj.br/Artigos/Art08.asp)

Diante da exposição acima, fazemos coro com muitos analistas que estudam as paisagens do espaço geográfico e afirmamos também ser o Filme Tempos Modernos, uma obra de arte ímpar que conseguiu expressar o sentimento de impotência que a classe trabalhadora vive, diante dos mecanismos impessoais do sistema capitalista industrial.

Expressões simples do nosso cotidiano revelam a grotesca lavagem cerebral que está nos tornado cada dia menos humanos; - o mundo é dos mais espertos – Deus ajuda a quem cedo madruga – Temos de nos adequar às exigências do mercado – O Mercado está pedindo pessoais sensíveis e socialmente comprometidas...- Capital humano!

Até a mais cética das criaturas tem que concordar. Deus existe. E o nome dele é MERCADO.

Um comentário:

Anônimo disse...

Luto
Morre, aos 40 anos, a atriz Leila Lopes

Policiais e bombeiros, ao chegarem no local, encontraram a atriz sem vida, caída ao lado da cama, e constataram parada cardiorrespiratória seguida de morte


03 Dez 2009 - 10h05min
A atriz Leila Lopes, aos 40 anos, foi encontrada morta em sua casa, no Morumbi, zona sul de São Paulo, na madrugada de quinta-feira, 3.

Policiais e bombeiros, ao chegarem no local, encontraram a atriz sem vida, caída ao lado da cama, e constataram parada cardiorrespiratória seguida de morte.

Ao lado do corpo de Leila foram encontrados remédios antidepressivos, o que leva os peritos a cogitarem a morte por overdose.

Entre seus trabalhos de maior destaque na televisão estão as novelas "Pantanal", da extinta TV Manchete, em 1990, e "O Rei do Gado", em 1996, na TV Globo. Mas seu maior sucesso foi a professorinha Lu, em 1993, em "Renascer", também na Rede Globo.

Leila fez um ensaio fotográfico para a Playboy em 1997, e, em maio do ano passado, a atriz causou polêmica ao lançar seu primeiro filme pornô, "Pecados e Tentações".

Em agosto deste ano, a atriz foi internada no Hospital São Luiz, em São Paulo, para a realização de exames para descobrir o motivo de fortes dores abdominais. No entanto, os médicos não identificaram as causas do problema.

Somente em outubro ela descobriu que a dor era causada por um nódulo atrás do útero. O problema foi resolvido 13 dias depois com uma operação. Ultimamente, a atriz ainda se recuperava da cirurgia.