quarta-feira, 29 de julho de 2009

Meus alunos

Temos que ter muito cuidado com expressões do tipo “ eles não querem nada” ou “ o problema está na família” e nós não podemos dar jeito. Quando comentários desse tipo se tornam corriqueiros em nosso trabalho, acredito que chegou a hora de mudar de profissão.

Por mais que as condições adversas nos confrontem diariamente, e insistam em minar o trabalho educativo, cabe ao educador não esquecer que pesquisar, experienciar e sonhar constituem elementos vitais para o ser prefessor/educador. Nesse contexto, criar situações didáticas para o desenvolvimento do conhecimento é a grande atribuição de todos nós educadores.

Lembro-me perfeitamente que, uma vez trabalhando numa comunidade muito pobre com estudantes de 5ª série sugeri uma brincadeira: criar estátuas usando o próprio corpo. Um grupo se transformava numa estátua que representa-se algo que admirava, gostava de fazer ou que gostaria de ser. Em seguida, o segundo grupo procurava interpretar a imagem, escrevia numa targeta e identificava a obra. Recordo com muita alegria o resultado de tal atividade. Policiais, jogadores, astronautas, médicos, cantores, eram as representações mais comuns, mas surgiram também, após o aluno-estátua se explicar emoções como tristeza, medo e sofrimento. Foi incrivel as formas criativas que esses estudantes utilizaram para representar tais situações. A roda de conversa em seguida, foi uma das partes mais interessantes, pois a expressão oral do estudante, falando com gosto comentando com riquezas de detalhes a sua representação demostrava sua capacidade argumentativa.

E quando lhes colocamos materiais para a produção de panéis ou recriar um objeto ou uma imagem de uma maneira diferente? O resultado é impressionante. Nunca me esqueço da Semana da Pátria que realizamos na Escola Rachel de Queiroz. O concurso de bandeiras foi um dos pontos altos do evento. Areia colorida, pó de madeira, grãos de arroz e feijão, bexigas, recortes de papel e outra infinidade de materias que ressignificou a relação e o conhecimento dos estudantes com relação a esse símbolo do país. E as paródias? Se reunirmos essas composições e analisarmos poderemos perceber o potencial criativo dispostos nas construções frasais. E o poder de imaginação? Comparar os fusos horários com uma grande “ôla” no mundo é realmente incrível. Ano passado, o que era apenas uma atividade corriqueira de sala de aula teve que se transformar numa pequena exposição pois as pirâmides etárias feitas com papelão, madeira, argila e arame precisavam ser vistas pelos estudantes de outras salas e outras séries.

Muitas outras vivências poderiam ser relatadas. E o que realmente quero deixar claro é o papel vital do trabalho de cada profissional da educação. Não há como um professor que não busca desenvolver sua sensibilidade querer exigir que seu aluno seja criativo. É muito fácil dizer que eles não querem nada.

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