domingo, 27 de dezembro de 2009

CHAPEUZINHO DE COURO VERMELHO COM BOLAS PRETAS*

Minha sobrinha trouxe um desafio da escola. A professora pedira um versão inédita de qualquer estória infanto-juvenil. Pediu-me ajuda. Eis o resultado!!!

* Por Henrique Gomes de Lima.


Era uma vez uma menina muito chata e insuportável, não respeitava ninguém principalmente os idosos. Sua avó sofria muito com seus maus tratos; a menina parecia aquela; isso, aquela mesma. Certa vez sua avó presenteou-lhe com um chapéu de couro vermelho com bolas pretas, para combinar com o seu constante mau humor.

Querendo aproximar mais a filha de sua avó, a mãe da chapeuzinho de couro vermelho com bolas pretas pediu-lhe que ela levasse cinco coxinhas com “kissuki” de morango para ela, pois a mesma estava um pouco doente. A menina saiu resmungando, reclamando, teve que levar umas palmadas para poder ir.

O caminho que dava para a casa da vovó da chapeuzinho de couro vermelho com bolas pretas era muito ermo, esquisito, no meio de uma floresta. Quando a menina passava por lá aproveitou para fazer mais uma maldade e resolveu colocar pimenta no suco e nas coxinhas. Mal sabia ela que um lobo muito meigo e bonzinho estava observando-a, e ele não conseguia acreditar no que estava vendo.

Revoltado, apresentou-se diante dela e disse: - Que ato terrorista é esse?

A menina respondeu: - Ora, incrementando o lanche da minha vovozinha querida. – Com pimenta? Perguntou o lobo chocado. Sim, e você não tem nada a ver com isso!

- Por favor, senhorita, onde mora sua avó? – Logo adiante, próximo a três pés de juazeiro.

Porque você não aproveita e colhe umas flores para ela? - Flores?... – Você sabe aonde tem urtiga? Foi a gota d’água. O lobo pensou: - Meu Deus essa menina é o próprio capeta, preciso correr e avisar a essa pobre vovó que esse monstro está se aproximando.

Ao chegar à casa da vovó o lobo bateu à porta. Quem é? Pergunta a vovó? Sou eu, um lobo. A vovó respondeu aliviada. Oh! Graças a Deus pensei que fosse minha neta. - O lobo responde. Não fique tão feliz assim, pois ela está se aproximando. A vovó fica em pânico! Por favor, entre e me ajude, me proteja! Então os dois resolveram bolar um plano.

A vovó pede para o lobo engoli-la, e guarda-la dentro de sua barriga, pois só assim ficaria protegida. O lobo não queria concordar, tinha medo de machucá-la e até mesmo porque era vegetariano. Mas, como era para fazer o bem, aceitou. Engoliu-a com muito cuidado, vestiu suas roupas e touca e deitou-se na cama.

Passados alguns instantes o monstro....Quero dizer, a menina bate à porta. Como ninguém veio atender ela resolver derrubar e entrou. Ao chegar ao quarto encontra sua avó deitada com parte do rosto coberto. A menina então afirma: - Nossa vovó a senhora está mais horrível que de costume. Para que queres essas orelhas tão grandes? Eu nunca as quis, foi você; que de tanto puxá-las elas ficaram assim. E esses olhos imensos? São de tanto ficar arregalados com medo de você. E essas mãos imensas essa boca enorme.... Ahá! Já sei! Você não a minha avó é aquele lobo bonzinho. Dito isso partiu para cima do lobo e o devorou.

Foi um terror. Como o lobo já estava com vovozinha na barriga, a chapeuzinho vermelho com bolas pretas não suportou tanto peso e acabou desmaiando. O barulho foi tão grande que despertou a atenção de caçadores que andavam pela floresta. Todos eram amigos da vovó e do lobo e detestavam a menina. Quando chegaram na casa viram a mesma deitada no chão com a barriga por acolá. Não tiveram dúvidas. Abriram a barriga da menina, resgataram o lobo e de dentro da barriga do lobo retiram a vovozinha.

Como castigo a menina teve de comer sozinha as coxinhas com o “kissuki” de morango cheios de pimenta que ela mesma havia colocado.

FIM.


domingo, 20 de dezembro de 2009

NATAL - A MENTIRA!

Queria sentir-me diferente nesta data mas, não consigo. Uma avalanche de tristeza me consome. Participo das confraternizações. Gosto. Até ajudo a organizar.
Mas não aguento. É prostituição demais!!!
Sabemos que o Cristo não nasceu no dia 25 de dezembro. Porém , já que esta foi a data escolhida pela humanidade para celebrar seu nascimento, deviam pelo menos respeitar um pouco mais.

Hoje, se você não comer peru, não fez natal na sua casa. Aliás, peru não. Come-se um tal de " Chester" - Uma ave produzida em laboratório e que ninguém nunca viu uma imagem dele.

Tem-se ainda as nozes, uvas, o panetone, o bacalhau e uma série de outros petiscos que se convencionou serem os símbolos do natal.
E não podemos esquecer dele é lógico, O PAPAI NOEL. Um personagem meigo, gentil e que distribui presentes. Ele está em todo lugar. Nas camisas, nas vitrines, nos cartazes. Escala paredes de shooping e desce de helicópteros. Elé é na verdade o grande símbolo do Natal.

Cristo! Onde? Pra quê?



domingo, 29 de novembro de 2009

PRA QUEM DEFENDE A VIDA

Dor, grito e sangue.
Assim surge a vida.

Vamos aprender com os animais.
Observe o comportamento da mãe-elefante
quando percebe que a cria não se move.
Ela tenta desesperadamente animá-lo.
Chega a ser medonho.

Mas, a mãe-elefante não desiste!
Ao contrário de nós, que jogamos nossas crias no lixo
ou as despedaçamos ainda dentro do útero.




domingo, 8 de novembro de 2009

MUROS DA HUMANIDADE - Parte I

"Aquele que um dia ensinar os homens a voar destruirá todas as barreiras: para eles as próprias barreiras voarão pelos ares; batizará novamente a terra chamando-lhe a leve."

Nietzsche - "Assim falou Zaratustra", 1883

Por mais de 28 anos - O MURO DE BERLIM - "O muro da vergonha" foi o símbolo máximo da divisão não apenas de uma cidade, mas do mundo. A divisão pelo poder, pelo controle, pela hegemonia, a divisão pela ignorância. Mas, ele caiu!
O dia 09 de novembro marca a data em que ele foi derrubado.
Hoje, parece que estamos numa liberdade plena. Observemos algumas expressões muito pronunciadas ultimamente:

- Aldeia Global
- Mundo sem fronteiras
- Globalização

- Simples assim.

Parece que finalmente a humanidade percebeu que é uma só. Parece, mas não é. Estamos mais separados do que nunca. O mundo está cheio de muros. Muros que descriminam,que segregam e que matam. Barreiras construídas pela humanidade contra a humanidade. Os muros são dos mais diversos: religiosos, étnicos, econômicos...

Não seja um criador de muros. Não seja aquele que ajuda a elevar mais ainda sua altura. Pule os muros. Derrube os muros. E se desejar ficar em cima do muro meu desejo é que você caia e quebre pelos menos uma perna.

Henrique Gomes de Lima.

Muro de Berlim: Algumas imagens históricas

A morte junto ao Muro

Cenas espetaculares de fuga acompanharam o Muro de Berlim em toda a sua história. Algumas com final feliz, outras com um desfecho trágico. A primeira vítima fatal foi o jovem Peter Fechter, em 17 de agosto de 1962. Atingido pelos disparos da guarda de fronteiras da RDA, Fechter agonizou durante 50 minutos na chamada 'terra de ninguém', falecendo pouco depois de ser recolhido pela polícia alemã oriental.

A dança sobre o Muro

No dia 10 de novembro de 1989, berlinenses orientais e ocidentais confraternizaram-se com uma verdadeira dança sobre o Muro, que deixara de ser uma barreira desde a noite anterior. Ao fundo, o Portão de Brandemburgo – o símbolo de Berlim. Com as fronteiras abertas, milhares de cidadãos alemães orientais viajaram imediatamente à parte ocidental da Alemanha, para fazer compras, visitar parentes e amigos ou simplesmente para satisfazer a curiosidade pessoal.




sábado, 7 de novembro de 2009

MUROS DA HUMANIDADE - Parte II

Por mais de 28 anos, o Muro de Berlim foi o símbolo da divisão das duas Alemanhas. A fortaleza se estendia por 155 quilômetros e separava Berlim Ocidental de Berlim Oriental. Muito maior era a fronteira interna alemã, isto é, entre a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA), de regime comunista. Ela somava 1400 quilômetros, indo da baía de Lübeck, no norte, até Hof, no sul, na fronteira com a antiga Tchecoslováquia.

Somente na região metropolitana de Berlim, o Muro tinha mais de 43 quilômetros de comprimento. Ao longo de seu percurso na cidade, ele interrompia oito linhas de trens urbanos, quatro de metrô e 193 ruas e avenidas. Em sua extensão, o "gigante de concreto" atravessava 24 quilômetros de rios e cruzava 30 quilômetros de bosques.

A fronteira de Berlim, cujas instalações incluíam o muro, era controlada 24 horas por dia. Soldados armados, em mais de 300 torres de observação, vigiavam constantemente para evitar fugas a Berlim Ocidental. A área da fronteira tinha 100 metros de largura, com diversos tipos de obstáculos. Esse território era conhecido como "Faixa da Morte".

Muitos tentaram atravessar o muro apesar do perigo de vida. Nos 28 anos que o Muro ficou de pé, houve 5075 fugas bem-sucedidas. Os estratagemas usados foram os mais diversos: túneis através da cidade, veículos pequenos que passassem debaixo das traves, caminhões pesados para arrebentar os obstáculos, barcos, ultraleves, balões e aviões improvisados. Também houve quem fugisse de trem, ou simplesmente confiasse em documentos falsificados e veículos preparados para esconder pessoas, obtidos graças à ajuda de grupos da RFA que se dedicavam a organizar a fuga de alemães do Leste.

O Muro de Berlim, propriamente dito, tinha mais de 100 quilômetros e até 4,20m de altura em alguns trechos. Uma segunda fortificação foi construída posteriormente. Ao seu redor foi demarcada uma faixa de segurança, também conhecida como faixa da morte, que chegava a ter cem metros de largura. Ali se encontravam cerca de 300 torres de vigilância, 20 bunkers (instalações antiaéreas subterrâneas), 260 canis e inúmeros postes com holofotes. Os soldados receberam ordem de atirar e impedir qualquer fuga "usando todos os recursos disponíveis".

Por trás do Muro havia uma segunda barreira, cercas com alarme e trincheiras profundas antiveículos. Holofotes, cães e minas completavam o esquema de segurança que fazia do muro uma fortaleza praticamente inexpugnável.

Sua manutenção era muito cara aos cofres da República Democrática Alemã, de regime comunista, representando um constante ônus econômico. Isso sem falar nos gastos com a construção. Foram gastos 870 milhões de marcos para erguer o gigante de concreto e demais instalações da fronteira.

Com a construção do Muro, o código penal da RDA ficou mais severo para garantir a fronteira. A tentativa de fuga passou a ser crime. Os desertores eram considerados "traidores da pátria". No primeiro semestre de 1961, foi aberto inquérito contra 4400 pessoas que tentaram cruzar a fronteira. Seis meses depois, 18.300 foram condenadas por tentativa de fuga e passaram anos nas prisões.

Apesar do risco de morte, muitos cidadãos da RDA não desistiram de escapar para o Ocidente. A Procuradoria Geral da República tem registro de 270 casos de morte ocorridas em tentativas de travessia do Muro. A ONG Treze de Agosto registra 1065 vítimas (dados de 2004) do Muro e da fronteira interalemã.

Ao contrário da Justiça, que só registra os casos de morte direta na fronteira, a ONG considerou também aqueles que não morreram necessariamente através de tiros dos soldados, mas foram indiretamente afetados, como por exemplo, os que se suicidaram ao terem descobertos seus planos de fuga.

Fonte: www.dw-world.de/dw/