quinta-feira, 30 de julho de 2009

ENEM 2009 - TIRE SUAS DÚVIDAS

O ENEM será aplicado nos dias 03 e 04 de outubro de 2009
Sabe tudo sobre o novo Enem?
Confira 20 perguntas e respostas sobre a prova

A proposta do MEC (Ministério da Educação) é utilizar o exame como vestibular unificado para as instituições interessadas em todo o país. A avaliação, que é realizada desde 1998, ganha peso na vida dos estudantes do ensino médio e dos concluintes que buscam vaga no ensino superior federal. Para facilitar sua vida, o UOL Educação elaborou perguntas e respostas sobre a avaliação ( E eu pesquei pra nós!). Confira.

Por que o Enem mudou?

Segundo o MEC, o vestibular seleciona os melhores estudantes e cumpre sua função. Mas com a unificação dos vestibulares pelo novo Enem, o candidato terá mais chances de ingressar em uma universidade, pois poderá se candidatar a diversas instituições simultaneamente, com diminuição de custos - como o de taxa de inscrição e de viagens para realizar os exames. Além disso, o ministério pretende dar orientações mais claras para mudanças no ensino médio, a partir do novo Enem.

Não era possível unificar os vestibulares com o Enem da forma antiga?

Segundo o MEC, o novo formato de prova tem mais capacidade de diferenciar as habilidades dos candidatos e de selecionar os ingressantes em uma faculdade. A prova tem questões com níveis de complexidade diferentes e poderá ser comparada ano a ano, já que seguirá um padrão.

O novo Enem terá quantas questões?

Serão 180 questões objetivas com cinco alternativas. Até o ano passado, eram aplicados 63 testes de múltipla escolha.

Haverá redação?

Sim. A redação está mantida no novo Enem, no mesmo modelo dissertativo - como já ocorria nas edições anteriores.

Quando será aplicado o novo Enem?

A prova está prevista para os dias 3 e 4 de outubro. A divulgação das notas nas questões de múltipla escolha ocorrerá em 4 de dezembro. O resultado final, incluindo a redação, sai no dia 8 de janeiro de 2010, diz o MEC.

O conteúdo cobrado vai mudar?

A prova continuará a avaliar habilidades e competências. O ministro Fernando Haddad já afirmou que o conteúdo cobrado deverá se aproximar um pouco do que é exigido nos vestibulares. O Enem passará, então, a exigir mais conteúdo do que nas edições anteriores.

Quais serão as matérias avaliadas?

Serão avaliadas quatro áreas do saber: linguagens, códigos e suas tecnologias (incluindo redação); ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias. Cada uma das áreas deverá ter 45 testes.


Como devo me preparar para o novo Enem?

Segundo o MEC, quem está se preparando para o Enem antigo e para os vestibulares não terá problemas na resolução da nova prova.


Vai ser preciso saber fórmulas de física e química?

De acordo com o MEC, a intenção é diminuir e até mesmo acabar com a "decoreba". As questões deverão fornecer as fórmulas necessárias. Isso não significa que a pergunta vai ficar mais fácil! Será necessário ter bom conhecimento das disciplinas e saber, de verdade, utilizar as fórmulas.


Será preciso estudar datas históricas?

Pela proposta, a ideia não é cobrar conhecimento enciclopédico. Ou seja, os testes não deverão conter pegadinhas sobre anos ou dias de determinados fatos históricos. O que será cobrado do candidato é o conhecimento aprofundado da história, da relação entre os fatos e as implicações do conhecimento do passado no presente.

A prova terá atualidades?

Os vestibulares tradicionais e o próprio Enem antigo costumam cobrar atualidades de maneira contextualizada. Ou seja, as atualidades servem como "gancho" para formular um teste ou para o tema da dissertação. Sempre é bom estar informado, para ter facilidade ao elaborar relações entre conteúdos e construir argumentos em um texto.

O exame terá questões de inglês?

Em 2009, a prova não terá perguntas de língua estrangeira. Para 2010 são previstas perguntas de inglês e espanhol. O MEC ainda não definiu se o candidato poderá fazer a escolha entre um ou outro idioma.

Como as faculdades vão utilizar o novo Enem?

O MEC definiu quatro formas de utilização do novo Enem na seleção de estudantes. São elas:

1- usar o Enem como prova única para a seleção de ingresso;
2- substituir apenas a primeira fase do vestibular pelo Enem;
3- combinar a nota do Enem com a nota do vestibular tradicional. Nesta modalidade, a universidade fica livre para decidir um percentual do Enem que será utilizado na média definitiva;
4- usar o Enem como fase única apenas para as vagas ociosas da universidade.

Terei de escrever de acordo com as novas regras ortográficas?

Não. Segundo o decreto que regulamenta o acordo ortográfico, é possível escrever de acordo com a norma antiga até 2012. Os examinadores terão de aceitar as duas grafias.

Posso me candidatar a quantas faculdades com o novo Enem?

Será permitido que o vestibulando escolha até cinco opções de cursos em instituições de todo o país que aderirem à prova. É permitido escolher diferentes cursos em instituições distintas.

Universidades particulares e estaduais poderão adotar o novo Enem?

Sim. A adoção é aberta para as instituições que tiverem interesse. USP (Universidade de São Paulo) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) já informaram que não vão trocar seus vestibulares pelo novo Enem de 2009.

Como será a inscrição para os vestibulares?

O MEC vai criar um sistema na internet para a realização das inscrições. Será um sistema semelhante ao que já é usado no Prouni (Programa Universidade para Todos), que concede bolsas de estudo em universidades particulares. O processo todo será realizado pela internet.

Como sei se minha nota no Enem 2009 é suficiente para conquistar uma vaga?
O MEC informa que a nota mínima para ingresso em cada curso será atualizada diariamente, em tempo real. Assim, o candidato poderá saber se tem pontos suficientes para conquistar a vaga. Se não tiver, poderá modificar sua escolha quantas vezes desejar, até que termine o prazo de opção.


Como o ensino médio muda, depois do novo Enem?

É no ensino médio que os interessados em fazer uma faculdade se preparam. Se o processo seletivo de ingresso nas universidades mudar, as escolas terão de ensinar os estudantes. Assim, por conta de uma mudança na avaliação, o MEC pretende que ocorram mudanças no sistema de ensino.

Se o Enem quer pautar o ensino médio, quem já fez colegial terá mais dificuldade para fazer a prova?

Como a prova não exigirá domínio de conteúdos de memorização, mesmo quem já se formou poderá ter um bom desempenho. Mas a avaliação vai exigir capacidade de relacionar fatos, de aplicar conhecimentos das disciplinas e habilidades de interpretação de texto, gráficos e problemas.

É isso aí queridos alunos. É importante participar. Não vai doer. Se tiverem mais alguma dúvida, deixe-a nos comentarios que terei o prazer em respondê-la.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Meus alunos

Temos que ter muito cuidado com expressões do tipo “ eles não querem nada” ou “ o problema está na família” e nós não podemos dar jeito. Quando comentários desse tipo se tornam corriqueiros em nosso trabalho, acredito que chegou a hora de mudar de profissão.

Por mais que as condições adversas nos confrontem diariamente, e insistam em minar o trabalho educativo, cabe ao educador não esquecer que pesquisar, experienciar e sonhar constituem elementos vitais para o ser prefessor/educador. Nesse contexto, criar situações didáticas para o desenvolvimento do conhecimento é a grande atribuição de todos nós educadores.

Lembro-me perfeitamente que, uma vez trabalhando numa comunidade muito pobre com estudantes de 5ª série sugeri uma brincadeira: criar estátuas usando o próprio corpo. Um grupo se transformava numa estátua que representa-se algo que admirava, gostava de fazer ou que gostaria de ser. Em seguida, o segundo grupo procurava interpretar a imagem, escrevia numa targeta e identificava a obra. Recordo com muita alegria o resultado de tal atividade. Policiais, jogadores, astronautas, médicos, cantores, eram as representações mais comuns, mas surgiram também, após o aluno-estátua se explicar emoções como tristeza, medo e sofrimento. Foi incrivel as formas criativas que esses estudantes utilizaram para representar tais situações. A roda de conversa em seguida, foi uma das partes mais interessantes, pois a expressão oral do estudante, falando com gosto comentando com riquezas de detalhes a sua representação demostrava sua capacidade argumentativa.

E quando lhes colocamos materiais para a produção de panéis ou recriar um objeto ou uma imagem de uma maneira diferente? O resultado é impressionante. Nunca me esqueço da Semana da Pátria que realizamos na Escola Rachel de Queiroz. O concurso de bandeiras foi um dos pontos altos do evento. Areia colorida, pó de madeira, grãos de arroz e feijão, bexigas, recortes de papel e outra infinidade de materias que ressignificou a relação e o conhecimento dos estudantes com relação a esse símbolo do país. E as paródias? Se reunirmos essas composições e analisarmos poderemos perceber o potencial criativo dispostos nas construções frasais. E o poder de imaginação? Comparar os fusos horários com uma grande “ôla” no mundo é realmente incrível. Ano passado, o que era apenas uma atividade corriqueira de sala de aula teve que se transformar numa pequena exposição pois as pirâmides etárias feitas com papelão, madeira, argila e arame precisavam ser vistas pelos estudantes de outras salas e outras séries.

Muitas outras vivências poderiam ser relatadas. E o que realmente quero deixar claro é o papel vital do trabalho de cada profissional da educação. Não há como um professor que não busca desenvolver sua sensibilidade querer exigir que seu aluno seja criativo. É muito fácil dizer que eles não querem nada.

Um clássico dos Trapalhões.

Lá no Cedro, todo domingo acontecia uma romaria. Ou iria-se para a churrascaria " Frango Assado, na BR 020 ou para a sede do distrito, Lagoa do Juvenal. 01 légua para assistir os trapalhões. O Programa captava o momento musical e recriava interpretações únicas. No clip abaixo tem-se Didi em uma de suas célebres paródias. Na época ser parodiado nos Trapalhões era uma grande homenagem. Artistas como Roberto Carlos, Ney Matogrosso, Maria Bethânea e Tony Tornado são alguns exemplos. Neste vídeo que data do final de década de 70 o homenageado é Sidney Magal, do qual sou grande fã.

15 anos sem mussum - Cacildis

Antônio Carlos Bernardes Gomes, ou simplesmente Mussum.
O mussum do cacildis, do forevis, da cachacis.Há 15 anos, ele se foi, não aguentou um transplante de coração.Foram quase 30 filmes com Os Trapalhões e mais de vinte anos de humor na TV brasileira.Hoje, Mussum é um ícone. Virou até Obamis!

Veja como se faz humor.
Não precisa de pornografia.
É só ter talento e simplicidade.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Enfrentando os ditadores no Brasil- Parte III

Mais um banho de Geraldo Vandré
É tão emocionante que dói.

Acompanhe a letra da canção.
Puro brilhantismo.Arueira
Composição: Geraldo Vandré

Vim de longe, vou mais longe
Quem tem fé vai me esperar
Escrevendo numa conta
Pra junto a gente cobrar
No dia que já vem vindo
Que esse mundo vai virar
Noite e dia vêm de longe
Branco e preto a trabalhar
E o dono senhor de tudo
Sentado, mandando dar.
E a gente fazendo conta
Pro dia que vai chegar
Marinheiro, marinheiro
Quero ver você no mar
Eu também sou marinheiro
Eu também sei governar.
Madeira de dar em doido
Vai descer até quebrar
É a volta do cipó de arueira
No lombo de quem mandou dar.

Enfrentando os ditadores no Brasil- Parte II

Geraldo Pedrosa de Araújo Dias é o nome verdadeiro do cantor e compositor Geraldo Vandré. Ele nasceu em João Pessoa, na Paraíba, em 12 de setembro de 1935. Desde 14 anos queria cantar.
Suas composições são marcadas com viscerais doses de emoção, choques de realidade, contestação e muita...muita poesia. Sua produção é imensa e a grande projeção nacional, foi quando apresentou a canção:"Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores", que ficou conhecida como: "Caminhando", e que foi tida como um hino revolucionário de esquerda,causando muito problema a Vandré. Virou um hino estudantil,e foi vetada pela censura ( O Brasil estava nas mãos dos sádicos, doentes e assassinos, lembra?). Geraldo Vandré foi para o exílio, no Chile, em 1968. Lá ele compôs:"Desacordonar", mas o sucesso de "Caminhando " continuava e Vandré apresentou-se clandestinamente em programas no Brasil, tendo então que fugir às pressas , para a Argélia. Foi depois para a República Federal da Alemanha, gravando programas na Baviera. Esteve na Grécia, Áustria, Bulgária e depois Itália, França.Já de volta ao Brasil, gravou "Programa Flávio Cavalcanti" e "O Fantástico". Mas suas participações foram cortadas. Depois de 14 anos de silêncio, Vandré apresentou-se na cidade de Presidente Stroessner, em um show. E em 95, apresentou-se no Memorial da América Latina, numa festa da Semana da Asa, realizada pela CONAR.
Até os dias de hoje, Geraldo Vandré vive em São Paulo, mas muitos afirmam que ele tenha enlouquecido, consequencias da tortura a que foi submetido nos anos de censura e ditadura, tendo sofrido agressões físicas e até consta que lhe extirparam os testículos. Mas nada disso é provado e o cantor e compositor nega tudo isso e diz que se afastou, pois sua imagem de Che Guevara brasileiro, abafa sua obra artística.

Suas composições e sua interpretação “esfolam” qualquer pessoa que possua um mínimo de sangue nas veias. Poucos seres e elementos merecem reverência. Geraldo Vandré é um desses seres.
Hoje, se você pode dançar o “funk das piriguetes” livremente, voltar do forró ou da swingueira quando der na telha ou ainda fazer algo um pouco mais evoluído como falar e votar...
Geraldo Vandré ajudou a conquistar esse direito.
Agradeça, cara pálida!


Geotecnologias, aulas de campo e a realidade nas escolas públicas.

*Henrique Gomes de Lima.

“Dados de unidades geográficas
são conectados entre si,
como cachos de uvas,
não separados,
como bolas em uma urna”
Stephan (1934)

“Primeira lei da geografia:
tudo se relaciona com tudo, mas coisas
próximas são mais relacionadas do que
coisas distantes”
Tobler (1970)

A análise do espaço geográfico é sem dúvida uma das maiores ferramentas para otimizar a compreensão da realidade um dado lugar. Muitas são as inferências que podem ser utilizadas para realizar tais análises. Os procedimentos vão desde análises bibliográficas em gabinete até o reconhecimento in locu do respectivo lugar.
É exatamente esse reconhecimento que requer todo um arcabouço teórico-metodológico. Seja em nível superior ou ainda na prática do ensino médio e fundamental, faz-se necessário que uma aula realizada em campo tenha passado por todo um processo de maturação. Acreditamos que essa maturação possa ser individualmente desenvolvida pelo professor ou construída coletivamente pelos participantes da ação.
Algo que obrigatoriamente não pode deixar de ser discutido e teorizado é o que diz respeito aos objetivos buscados e bem como a fundamentação metodológica que será utilizada.
Aulas de campo estão para a Geografia assim como a Matemática está para a Astronomia. Não é possível desenvolver uma análise geográfica competente sem um profundo conhecimento sensitivo dos diversos fatores que se embricam sobre uma determinada área. Uma das regras básicas para uma análise geográfica é eleger como embasamento, as categorias que serão utilizadas como referencial.
Em Geografia o Lugar, a Paisagem e o Território são premissas indissociáveis para qualquer análise. E tais categorias têm que ser exaustivamente trabalhadas para que uma vez em campo, o estudante, seja ele de qualquer nível escolar, possa coletar dados mais concisos e por sua vez saber filtrá-los no momento de dar seu parecer.
Em se tratando do estudo da paisagem é importante estar sensível às várias visões em que ela pode se apresentar. Segundo Donald W. Meinig, o olho pode observar dez visões de uma mesma cena. É por isso que ao se propor uma aula de campo para um determinado grupo de aprendizes, deve-se definir por qual olho ou olhos devemos observar. Ainda quanto a paisagem devemos estar atentos às várias impressões captadas por nossos sentidos, pois a paisagem além de vista, ela pode ser cheirada, ouvida, provada e ainda sentida. Todos esses detalhes não podem passar desapercebidos em uma aula de campo. E cabe ao professor orientar seus alunos nesses momentos.
Uma vez em campo, pode o professor de Geografia aproveitar a oportunidade para trabalhar o conceito de Território. Ao conhecer a história do lugar, ouvir depoimentos da comunidade (se for o caso), diagnosticar a paisagem modificada através do uso e da ocupação e representada pela situação sócio-econômica, é possível entender as relações de poder que se configuram no objeto real que é o território.
E como sistematizar essas informações? Acreditamos que nesse momento uma Ficha de Campo é uma ferramenta pedagógica muito importante. Chamo de ferramenta pedagógica porque no ato em que o professor a apresenta aos alunos e orienta seu preenchimento (ainda em sala) muitos conceitos, fundamentações e metodologias são entendidos. Caso o professor não queira apresentar uma ficha já elaborada, esta pode ser criada e desenvolvida pelos próprios alunos, sob a orientação do professor.
Aulas de campo é um momento privilegiado para o aluno aprender observar, experimentar e selecionar informações. Uma aula de campo ajuda o aprendente a se organizar. Um dos momentos que reflete essa organização é a escolha e seleção do material a ser levado para auxiliar na coleta de informações.
Atualmente em virtude do desenvolvimento da informática e, por conseguinte, dos meios de comunicação a coleta de dados para as análises geográficas está muito facilitada. Tradicionalmente e porque não dizer remotamente, o globo terrestre, os planisférios, mapas e cartas eram os recursos materiais mais comuns para uma primeira apreensão espacial de um lugar. Os pantógrafos, os escalímetros e até mesmo as simples réguas, também faziam parte dos recursos cartográficos e que alguns geógrafos utilizavam para produzir seus croquis. Não esqueçamos da saudosa bússula.
Hoje com a cartografia digital o Sistema de Informação Geográfica(SIG), informações colhidas em campo podem ser trabalhadas em tempo real e um esboço espacial georeferenciado pode ser produzido instantaneamente. Não se imagina mais um geógrafo, perdido no meio do mundo com uma pilha de mapas gigantescos e uma bússolazinha.
O mundo evoluiu, as técnicas cartográficas evoluíram, a Geografia evoluiu, e claro, as aulas de campo em um curso de Geografia ou mesmo no ensino fundamental também devem evoluir. Miras, teodolitos, altímetros, GPS, câmeras digitais, nootboks... são alguns dos recursos que estão aí disponívies para ajudar o geógrafo a realizar suas inferências sobre o espaço geográfico.
O Sistema de Informações Geográficas constituí-se hoje, a menina dos olhos, no trabalho do geógrafo. O termo SIG, segundo SEMEÃO (1999) denota o conjunto de conhecimentos que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica. Dentre suas características e atribuições está o ato de inserir e integrar, numa única base de dados, informações espaciais provenientes de dados cartográficos, dados censitários, cadastro urbano e rural, imagens de satélite, redes e modelos numéricos de terreno; Oferecer mecanismos para combinar as várias informações, através de algoritmos de manipulação e análise, bem como para consultar, recuperar, visualizar e plotar o conteúdo da base de dados georreferenciados.
Reconhecemos que todas essas técnicas são extremamente relevantes para a coleta de dados, mas também acreditamos que independente de ser geógrafo ou não, qualquer profissional pode aprender a manusear esses equipamentos. A diferença está na interpretação desses dados. É nesse momento que o olhar do geógrafo é indispensável.
Voltando para a nossa aula de campo, na universidade ou na escola básica, defendemos sim, o acesso e o uso coletivo desses recursos tecnológicos. Até mesmo como um atrativo a mais para as aulas de Geografia.
Mas o problema está exatamente no acesso. Nem mesmo na universidade com um curso específico para a formação de geógrafos, encontramos esses equipamentos em quantidade mínima para o uso por parte dos acadêmicos, quanto mais nas escolas públicas municipais e estaduais, onde até mesmo um simples mapa é difícil de ser encontrado.
É nesse contexto que se encontra o professor de Geografia. E diante dessa realidade ele precisa encontrar recursos para que sua aula de campo seja proveitosa e interessante, mesmo sem ter esses recursos tecnológicos a sua disposição. Um altímetro, emprestado da universidade, uma bússola e alguns mapas temáticos já dão para fazer uma festa.


* Texto apresentado na disciplina Metodologia de Aula de Campo,
por ocasião do Curso de Especialização em Ensino de Geografia (UECE).

sábado, 25 de julho de 2009

Enfrentando os Ditadores no Brasil- Parte I

Ditadura Militar no Brasil. Os sádicos, doentes e assassinos que cumpunham as forças armadas impediam com a morte, qualquer um que reclamasse de alguma coisa. Para fazer denúncia você tinha que ser no mínimo brilhante. Usar metáforas, sentidos conotativos, mensagem subliminar.
Nesta interpretação única e perfeita, da Diva Maria Bethania (com 18 anos aproximadamente), a letra denuncia o coronelismo, a fome, o abandono do nordeste e o poder dos grandes latifundiários apoioadores da Ditadura.
Acompanhe a letra e a interpretação. Se emocione.
Não se enganem, isso tudo está acontecendo hoje. Só que estamos anestesiados.



Composição: João do Vale/José Cândido

Carcará
Lá no sertão
É um bicho que avoa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião
Carcará
Quando vê roça queimada
Sai voando, cantando,
Carcará
Vai fazer sua caçada
Carcará come inté cobra queimada
Quando chega o tempo da invernada
O sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome
Os burrego que nasce na baixada
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que home
Carcará
Pega, mata e come
Carcará é malvado, é valentão
É a águia de lá do meu sertão
Os burrego novinho num pode andá
Ele puxa o umbigo inté matá
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que home
Carcará

Um banho de Arte, de História, de Geografia... de Cultura .

Pode dançar o Créu em todas as velocidades possíveis; a bunda é sua e pode deixar fazer o que quizerem com ela. Mas, tome um banho depois!
Sugiro um banho de Pérola Negra.

"Ispia isso criatura"

Rei Luiz Gonzaga

Esta obra de arte é o que tem de melhor contra diarréias mentais.

Rainha Marinês

Mais uma dose contra Diarréia Mental.

Clara Nunes, eterna. I



Estamos com uma Pandemia: As diarréias mentais.Das causas, sintomas, consequencias e profilaxia tratarei depois. Por enquanto, afirmo que você pode continuar ouvindo coisas do tipo: Banda Kixinin, a inhaca do forró,e outras músicas onde todas as palavras terminam em " inho(a)" ou ainda os " batidões". Eu também ouço. Agora, se você só ouve isso, meu bem, o " pobrema" é sério. Há muitos casos confirmados de indivíduos onde os excrementos ocuparam toda a caixa craniana e começaram a sair pelos poros e principalmente pela boca. Enquanto isso não acontece com você, tome uma pequena dose de Clara Nunes.Ouça com atenção, acompanhe a letra. Não vai doer.

Composição: Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro

Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil

Um lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou

Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou

Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou

E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor

ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô

ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô

E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador

Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor

REFLEXO




Apesar de ser ainda um bebê desmanado, já fui testemunha de muitas coisas.
Desde o tempo que ocupei a comunidade de Cedro, distrito de Lagoa do Juvenal(não digo o resto, morra de curiosidade!) até a chegada em Fortaleza, observo as atitudes de homens e mulheres com relação a educação de suas crias. É impressionante.Contarei aqui, algumas pérolas da educação doméstica. Claro que isso não acontece mais hoje em dia.
Comecemos com alguns comportamentos, que se o " pivete" não incorporar logo, ele jamais será um macho.

1. Aprender a mijar(homem não faz xixi), na rua. Parece que eu "tô" é vendo a mãe ou o pai dizendo" olha a pintinha, a tornelinha dele, como é bonitinho". Ninguém se incomoda é um menino, isso é coisa de homem, é normal. Homem mija em qualquer lugar: no poste, na árvore, na calçada, na porta da casa.
2. Modo de sentar-se à sala, na escola, no banco da praça, no trabalho. Jamais cruzar as pernas! "Nem morta santa!" Isso é coisa de mulher, de viado, baitola!.Homem macho, deve sentar todo arreganhado e, se possível, coçar os "ovos"(quero dizer os testículos!)de vez em quando.
3. Mais surpreendente ainda é a formação para o desenvolvimento e relação com a sexualidade. É um arcabouço ético e complexamente elaborado que nem Platão e Aristóteles em seus momentos mais inspirados poderiam construir.
O contexto é mais ou menos assim. Numa família onde a maioria das crias é do sexo masculino, logo cedo são incentivados a procurar mulher. Normalmente proferida pelo pai, mas, por incrível que pareça até pela mãe, a máxima é a seguinte: quem tiver suas éguas que segure pois meus cavalos estão soltos; há também variações para outras espécies como bodes,cabras,jumentos e jumentas.

Há muitas outras situações para contextualizar. Mas deixa pra depois.
Ainda bem que isso não acontece mais!!!

A MANDALA DO PROFESSOR


















Decidí ser professor aos 15 anos(parecia um sibite baleado, na verdade ainda pareço).Ser professor com as atuais condições, é uma profissão de risco; tanto para a vida como para honra. Mas se tivesse que nascer 10 vezes, em todas elas queria ser professor.
Em meu trabalho procuro vivenciar a teoria defendida por Carl Rogers, chamada de Tríada Rogeriana: Empatia, aceitação incondicional e autentitidade. (Num próximo texto explico).

Publico o texto a seguir, porque concordo e procuro praticar as idéias defendidas.


Mandala vem do sânscrito e significa circulo. Seu desenho circular direciona o olho para o seu centro. Segundo as tradições espirituais, o Universo é uma Mandala, (estrutura circular) desde as células do corpo, às estruturas subatômicas, aos olhos, o sol, a lua e as estrelas. Com esta figura, colorida, cheia de sentidos ocultos, somos levados a uma reflexão e ganhamos um direcionamento que nasce, particularizado, para cada um, segundo suas características. Que tal uma mandala para o professor?

A mandala acima foi desenvolvida a partir dos principais pontos que definem a ação do dia-a-dia do professor. O que se comenta na seqüência é o que todo professor consciente sabe. Ganha, porém, uma dimensão diferenciada quando incorporada a simbologia da mandala.

A figura idealizada gira ao redor de um centro fixo onde está o aluno, centro do objetivo escolar. O valor simbólico agregado à figura é muito mais forte do que o complemento escrito que segue. A experiência de se colocar determinado aluno no centro da mandala e girá-la, caminhando em cada etapa com o olho intuitivo que analisa – “que aluno é esse, o que eu devo oferecer a ele, em que ponto posso ter me perdido no contato com ele, em que ponto eu o encontrei de maneira mais singular?” - é incrivelmente aberta e pessoal.

Tente pensar em uma classe ou aluno específico e caminhe pela mandala, área por área.

Algumas considerações sobre as áreas da mandala

Para que o aluno tenha atitudes positivas em sala de aula é preciso que o professor o submeta a quatro grandes grupos de experiências:
Aulas Planejadas
Que possuam uma seqüência lógica com começo, meio e fim, e que tenham objetivo claros. O aluno precisa saber o porquê de aprender.
Plano de curso criterioso e que seja aplicado efetivamente - não feito somente para entregar.
Informação atualizada
Para que o professor atinja esse objetivo ele deve estar aberto para as novas aprendizagens e as múltiplas linguagens
Procurar maneiras de melhorar seu currículo profissional na busca de cursos e vivências que o torne revitalizado para o dia-a-dia. Lembrando que todos os profissionais tem dificuldades para manter-se em formação, mas a vontade e a criatividade devem ser aliados na busca do conhecimento. Formar-se não é apenas fazer cursos e sim estabelecer maneiras de aprender, inclusive de forma autodidata.
Retorno da aprendizagem
Propiciar ao aluno que entenda suas dificuldades e não seja rotulado. A avaliação formativa é imprescindível nesse sentido.
Proporcionar formas diferentes de avaliação para contemplar várias habilidades, pois cada aluno possui maneiras diferentes de aprender.
Atitudes de Respeito
Ser honesto e ter bom senso, para que o aluno entenda seus limites.
Ser tolerante e afetivo para estabelecer um vínculo de amizade com seu aluno.

Prof. Ricardo de Souza é Bacharel em Tecnologia, Licenciado em Matemática
e Pós-graduado em Educação de Portador da Deficiência da Audiocomunicação.

Quem tem hipófise saudável, deve ler o texto abaixo.

"Impressionate como tudo vira moda.Claro, moda é consumo alienado.E em maior ou menor tom, parece que todos somos.Meio Ambiente e Aquecimento global são a bola da vez. É "politicamente correto" falar desses temas. Quer " dar uma de chique" fale deles; quer aparecer, fale também,quer "sair bem na fita,na foto "vomite querquer coisa sobre meio ambiente. Agir, ter atitude que é bom; nada!!!
O texto abaixo, traz reflexões sobre nossa relação com o meio ambiente."

De bicicleta vai andar o homem do futuro

Existe um assunto muito em voga atualmente, é o aquecimento global as mudanças climáticas e suas implicações, explorado pela mídia de forma sensacionalista, ou não, é um tema tão antigo quanto a Declaração de Estocolmo. Embora tantos alertas, há tanto tempo, a humanidade passou a preocupar-se com as catástrofes eminentes somente agora, sentindo as mudanças na pele. Mesmo assim, com relação às nossas atitudes, ainda vivemos numa inércia incompreensível, como se estivéssemos aguardando o momento derradeiro em que a casa virá abaixo. Nossos padrões de consumo (essa é a inércia) são ditados por interesses econômicos que ainda não perceberam mudança alguma no clima, e nem importa muito, afinal, seus valores colocam as pessoas abaixo do papel (dinheiro). Um exemplo e símbolo desse comportamento são os automóveis e toda cultura que se formou em torno deles. Nosso convívio social pelas ruas da cidade está resumido ao isolamento dentro de um casulo de metal, com rádio sintonizado de acordo com nosso estado de espírito, telefone celular ao ouvido - e ai de quem atravessar o caminho.
Congestionamentos? "Encare-os com superioridade", dizia o anúncio de uma dessas camionetes enormes. "Mais do que espaço interno, uma área vip", em anúncio de outro carro de luxo. Viva a natureza comprando carros "Eco..." ou robustos 4x4 fora-de-estrada, mesmo tendo eles um maior consumo de combustível, ocupando mais espaço e impactando trilhas naturais - explícito nos próprios comerciais de TV. Ainda, dizem alguns psicólogos, que a teoria do "sou o que possuo" explica a falsa relação entre a potência do motor e o desempenho sexual do seu motorista.
Essa cegueira coletiva interfere diretamente no efeito estufa, em função da queima de combustíveis fósseis. Atualmente existem montadoras de automóveis investindo em florestas
Mas isso não é tudo. Qual a tecnologia que solucionará o problema do espaço urbano? E das diversas enfermidades associadas à poluição e ruídos? E as mais de 30 mil mortes e 320 mil feridos (desses, 120 mil adquirem uma deficiência permanente) em acidentes de trânsito por ano no Brasil, o que representa um custo de mais de R$ 10 bi para União?
Está na hora de colocarmos o pé para fora do carro. Pisar no chão. Caminhar. Andar de bicicleta. Ir de ônibus. Redescobrir nossa cidade, seus habitantes e o seu patrimônio. O automóvel não precisa ser abolido, mas sua utilização racional se faz necessária, e urgente. A era do carro como sinônimo de "status" acabou, agora vemos essa máquina como símbolo de uma ganância irracional do homem.
Para que o preconceito do motorista brasileiro àqueles que não andam de carro se torne mera falta de informação, comunico que Paris deseja se tornar uma cidade tranqüila, sem congestionamentos, sem poluição, sem barulho. Ruas foram reformadas criando espaços exclusivos e maiores para pedestres, bicicletas e ônibus. Muitos bairros, principalmente os que servem de entrada da periferia para Paris, tiveram ruas interditadas, vias transformadas em praças ou calçadas e a velocidade limitada a 30 km/h.
Mas não apenas Paris anda na vanguarda da era da humanização das cidades. Nessa lista temos Londres, Almada, Dinamarca, Bogotá, e muitas outras. Essa é a tendência mundial, mesmo contra a vontade de certos grupos econômicos - quem levará a pior nessa luta são aqueles sem convicção de seus valores humanos.
Trocar o carro por transporte público? Nem pensar! Ir de bicicleta? Loucura! Então tome uma atitude, nem que seja a mínima de respeitar pedestres e ciclistas, e fique com vergonha na cara. Da forma como está hoje, os automóveis representam grave problema de saúde pública local, e perigoso deturpador ambiental global. Quem paga essa conta somos todos nós.

Cristiano Hickel (*)
* É membro da ONG Transporte Ativo - www.ta.org.br - que recebeu o Prêmio ANTP-Abradibi de Boas Práticas Urbanas e de Estímulo ao Uso da Bicicleta 2005, coordenado pelo GT de Bicicleta da ANTP e pela Associação Brasileira dos Fabricantes, Distribuidores e Importadores de Peças e Acessórios (Abradibi). A ONG também integra o Fórum Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta.

Michael Jackson, para sempre. IV

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Michael Jackson, para sempre. III

Michael Jackson, para sempre. II

Michael Jackson, para sempre I.

Grupo de Estudos do Meio Ambiente - GEMA / Apresentação



A Escola Governador Adauto Adauto Bezerra é o meu mais novo local de trabalho.O Grupo de Estudos do Meio Ambiente é uma das nossas iniciativas. Em processo de sedimentação este grupo pretende fazer História.

Sobre o possível concurso para Professor do Estado do Ceará

Texto enviado à SEDUC por e-mail.
Talvez eu sofra represália.

Proposta interessante, bem elaborada e que aumanta cada vez mais as exigencias e cobranças aos profissionais do magistério.
A capacidade técnica, científica e pedagógica é algo que deve sim, ser cobrada de todo e qualquer profissional da Educação, inclusive dos que compõem a estrutura da Secretaria de Educação. Cobrar é muito fácil. Agora, não vejo efetivada nenhuma política de formação continuada em serviço para os professores.
As etapas 2 e 3 são a novidade. Tanto pode engrandecer, qualificar como tolher, mascarar e direcionar o processo de seletivo.
Espero que a banca examinadora seja composta por pessoas que realmente estejam " antenadas" com as produções teóricas, bem como com a vivência de sala de aula. Não podem ser somente acadêmicos " viajantes" ou somente empíricos "imediatistas". As escolas possuem grandes potenciais, que tal visitá-las? A banca poderia ser formada por pessoas indicadas pela secretaria e outras selecionadas de forma pública.
O Programa de Capacitação é "tudo de bom". Espero que os formadores tenham conhecimento de nossa realidade e busquem transformar teorias em práticas. Pessoas "nascidas e criadas somente dentro da Academia, não se garentem". Espero que o diálogo seja aberto às ideias e as opiniões contrárias ao sistema vigente não sejam usadas como justificativa para eliminações.
Estou ansioso pela chegada desses novos profissionais. Espero que sejam sonhadores, comprometidos e lutadores.
Sugiro que seja colocado no edital em letras de forma a seguinte informação:
- Profissão perigosa e que oferece grandes riscos a vida e a honra. A qualquer momento será alvo de palavrões, calúnias e desrespeito de toda ordem. Agressão física com repressão policial é ação sempre usada quando os senhores se sentirem ofendidos. A propósito, sua remuneração será insignificante. Tá bom prá você?

Sem mais no momento, muito obrigado.
Saúde e paz para todos.

Henrique Gomes de Lima.
Professor.

Aniversário de Fortaleza 2009

Breves considerações sobre o atual momento da cidade de Fortaleza.

* Publicado no Jornal Diário do Nordeste
em 14 de abril de 2009.Obrigado ao Jornal pelo espaço.

Olá, Fortaleza


Tudo bem? Estive conversando com minha cidade. Botando a conversa em dia. É incrível, mas depois de tantos anos ainda há lugares que guardam aqueles hábitos simples que nos humanizam. As cadeiras nas calçadas, as conversas na janela e as caminhadas na pracinha. Ainda existem, mas estão se acabando. Em nossa conversa, ela me conta do seu crescimento, sua caminhada para o século XXI. É visível. Os arranha-céus, aeroporto, o porto, o trem que vai voar e passar por baixo do chão. Falou-me que até que ´um pedaço do mar´ vai ser construído para o mundo olhar. Nossa, que chique! Sendo filha do sol e irmã de Iracema, é claro que ela é bela. Sempre foi. Mas, sempre será? Os castelos medievais hoje batizados de condomínios fechados estão sitiando a cidade. Adeus conversas na janela. Exclusão social visível em cada esquina e falta de cuidado de todo lado. Adeus cadeiras na calçada, adeus caminhadas na praça. Olá Fortaleza, tudo bem! Quem está cuidando de ti?


HENRIQUE GOMES DE LIMA

Greve na Educação causada pelo Governo CID

* Pequeno texto de minha autoria publicado no jornal O Povo na coluna - Fala, cidadão - 20 jun 2009 - 20h10min. Agradecemos ao Jornal O Povo pelo espaço.

PROFESSORES

Nós, professores, trabalhamos só com a cara, a coragem e o sonho. Vamos até onde a própria Polícia exita em entrar. Acolhemos a todos sem qualquer distinção e, as vezes, nos dedicamos ao nosso trabalho mais do que a família.
E agora, como se não bastasse o desrespeito aos nossos direitos historicamente conquistados, como se não bastasse o assédio moral, as agressões físicas do batalhão de choque, como se não bastasse o abandono, vem o meritíssimo senhor juiz e julga nosso movimento ilegal.
De uma hora pra outra, somos culpados; ninguém nos ouve, nenhum parlamentar se pronuncia e quase ninguém nem se dá ao trabalho de fazer uma visita de solidariedade a professora Laura, acampada na Praça do Ferreira , que não suportando mais as agressões e o desrespeito numa ação desesperada busca chamar a atenção da sociedade e entra em greve de fome.
Quanto a multa, pode executá-la. Não temos como pagar mesmo!

ORAÇÃO DA ESCOLA

Minha singela homenagem aos incríveis alunos e alunas da Escola Poeta Patativa do Assaré . Tive a honra de dividir convivencia de agosto 2005 a maio de 2009.



Oração da Escola

Gabriel Chalita

Obrigado, Senhor, pela minha escola!

Ela tem muitos defeitos. Como todas as escolas têm. Ela tem problemas, e sempre terá. Quando al­guns são solucionados, surgem outros, e a cada dia aparece uma nova preocupação.

Neste espaço sagrado, convivem pessoas muito diferentes. Os estudantes vêm de famílias diversas e car­regam com eles sonhos e traumas próprios. Alguns são mais fechados. Outros gostam de aparecer. To­dos são carentes. Carecem de atenção, de cuidado, de ternura.

Os professores são também diferentes. Há alguns bem jovens. Outros mais velhos. Falam coisas dife­rentes. Olham o mundo cada um à sua maneira. Alguns sabem o poder que têm. Outros parecem não se preocupar com isso. Não sabem que são líderes. São referenciais. Ou deveriam ser.

Funcionários. Pessoas tão queridas, que ouvem nossas lamentações. E que cuidam de nós. Estamos juntos todos os dias. Há dias mais quentes e outros mais frios. Há dias mais tranqüilos e outros mais tumultuados. Há dias mais felizes e outros mais do­lorosos. Mas estamos juntos.

E o que há de mais lindo em minha escola é que ela é acolhedora. É como se fosse uma grande mãe que nos abraçasse para nos liberar somente no dia em que estivéssemos preparados para voar. É isso. Ela nos ensina nossa vocação. O vôo. Nascemos para voar, mas precisamos saber disso. E precisamos, ain­da, de um impulso que nos lance para esse elevado destino.

Não precisamos de uma escola que nos traga todas as informações. O mundo já cumpre esse pa­pel. Não precisamos de uma escola que nos transfor­me em máquinas, todas iguais. Não. Seria um crime reduzir o gigante que reside em nosso interior. Seria um crime esperar que o vôo fosse sempre do mesmo tamanho, da mesma velocidade ou na mesma altura.

Minha escola é acolhedora. Nela vou permitin­do que a semente se transforme em planta, em flor. Ou permitindo que a lagarta venha a se tornar bor­boleta. E sei que para isso não preciso de pressa. Se quiserem ajudar a lagarta a sair do casulo, talvez ela nunca tenha a chance de voar. Pode ser que ela ain­da não esteja pronta.

Minha escola é acolhedora. Sei que não apreen­derei tudo aqui. A vida é um constante aprendizado. Mas sei também que aqui sou feliz. Conheço cada canto desse espaço. As cores da parede. Os quadros. A quadra. A sala do diretor. A secretaria. A bibliote­ca. Já mudei de sala muitas vezes. Fui crescendo aqui. Conheço tudo. Passo tanto tempo neste lugar. Mas conheço mais. Conheço as pessoas. E cada uma de­las se fez importante na minha vida. Na nossa vida.

E, nessa oração, eu te peço, Senhor, por todos nós que aqui convivemos. Por esse espaço sagrado em que vamos nascendo a cada dia. Nascimento: a linda lição de Sócrates sobre a função de sua mãe, parteira. A parteira que não faz a criança porque ela já está pronta. A parteira que apenas ajuda a criança a vir ao mundo. E faz isso tantas vezes. E em todas às vezes fica feliz, porque cada nova vida é única e merece todo o cuidado.

Obrigado, Senhor, pela minha escola! Por tudo o que de nós nasceu e nasce nesse espaço. Aqui, posso te dizer que sou feliz. E isso é o mais importante. Amém!


O olho que observa

As relações-mundo vistas através da arte – o Filme Tempos Modernos


Henrique Gomes de Lima


"A técnica é a grande banalidade e o grande enigma,

e é como enigma que ela comanda nossa vida,

nos impõe relações, modela nosso entorno,

administra nossa relação com o entorno".


Santos, Milton. Técnica Espaço e Tempo. Ed. Hucitec,1994.



Perceber como se processam as relações entre as sociedades e o espaço por elas produzido, não é algo fácil, ainda mais quando estamos sujeitos a um conjunto de regras e processos sociais que se interiorizaram e se entranharam em nossas ações conscientes e subconscientes. Tal idéia é encontrada na literatura sob a denominação de modo de regulamentação.

Esse cabresto (regulamentador) que nos amarra foi muito bem percebido e analisado de maneira simples e artisticamente trabalhada através do filme Tempos modernos do cineasta e ator Charlie Chaplin. Tendo a sociedade industrial capitalista como tema central, sua análise crítica consegue perceber e mostrar todo o cunho ideológico e bem como as características presentes no Capitalismo e no espaço por ele produzido.

Ao retratar o sistema fabril, o filme expõe toda a agonia que a maioria oprimida da classe trabalhadora vive nos ditos tempos modernos (o filme data de 1936!). Em nada comparada à visão de sociedade dos socialistas utópicos do século XVIII, onde saúde e ensino para todos, direitos iguais para homens e mulheres, o fim da propriedade privada, da moeda e do lucro seriam as características para uma sociedade ideal.

O sistema fabril visto no filme é em suma o resultado da implantação das pesquisas de F.W.Taylor. Foi ele que dedicou-se a criar um sistema capaz de reduzir o tempo de trabalho empregado na fabricação das mercadorias. Decompondo o processo produtivo nas suas atividades elementares, reorganizou-as de modo a extrair o máximo de trabalho no menor tempo possível.

Retratam-se também as técnicas desenvolvidas a partir da década de 1920, com Henry Ford e sua organização do trabalho fabril levando-o a uma expansão do consumo na época jamais vistos. Ford concebeu o sistema da linha de montagem no qual permanecem em postos fixos enquanto uma correia transportadora move as peças. A linha de montagem especializou os operários na realização de operações simples e repetitivas, eliminando a necessidade de habilidades especiais. A meta do inovador era a de simplificar a produção de tal forma que ela pudesse ser fragmentada em movimentos que o indivíduo mais estúpido pode aprender a executar em dois dias.

Associada a essa prática vinha a construção de um novo sistema de reprodução da força de trabalho, de uma nova política de controle e gerencia desse trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia nas relações sociais. São essas novas relações que se fazem presentes na exploração do homem pelo o homem. Na frieza dos relacionamentos e bestialização das idéias.

*Apesar da declaração de Chaplin – Meu objetivo principal com esse filme é ... divertir --, em realidade, ao tomar-se Tempos modernos como ponto de partida para uma reflexão sobre a condição do homem na contemporaneidade, extrapola-se o objetivo do filme como simples diversão. “O doce vagabundo, um espírito lírico oprimido no mundo do dinheiro e da violência, tinha o trunfo de não precisar falar; sua agilidade e esperteza compensavam a mudez e a comovedora miséria. Quando os diálogos chegaram às telas, não faria sentido submeter Carlitos a mais essa imposição dos tempos modernos.” O filme ironiza, numa barafunda sonora de engrenagens e vozes indistintas, a era da pressa, da ansiedade e de uma crise econômica e social.

Para um público não muito preparado, Tempos modernos despertou reações negativas: a mudez, um atraso; as piadas, sem graça; a crítica, uma tendência para a esquerda, comprometedora. Até a cena em que Carlitos pega inadvertidamente uma bandeira vermelha que cai de um caminhão e é seguido, como se líder fosse, por uma multidão de operários, é incompreendida como manifestação de ironia no que toca à credulidade das massas num período de grande recessão, e interpretada como manifestação de adesão ao Comunismo.

O confronto de Carlitos com a robotização de uma linha de montagem, numa crítica severa ao fordismo, pareceu, contraditoriamente, oposição ao progresso. Nem o lirismo, que atinge o clímax no romance com a bela moça (Paulette Godard), outra discriminada e perseguida, ou o humor – as gostosas confusões na fábrica, numa loja de departamentos, num restaurante –, que perpassam todo o filme suavizam a postura intransigente dos expectadores. Parece óbvio afirmar que, hoje, Tempos modernos é considerado obra-prima, resultado de uma óptica genial da época, que se pode considerar atual, como rica fonte que estimula pensar a contemporaneidade.

Para alguns observadores, Carlitos o proletário é ainda um homem que tem fome; as representações da fome são sempre épicas: tamanho desmedido de sanduíches, abundância de leite, frutos que se jogam fora negligentemente, apenas mordidos. Por ironia, “a máquina de comer”, de essência patronal, só fornece alimentos em série e visivelmente em processo de deterioração. (*www.conselhominerva.ufrj.br/Artigos/Art08.asp)

Diante da exposição acima, fazemos coro com muitos analistas que estudam as paisagens do espaço geográfico e afirmamos também ser o Filme Tempos Modernos, uma obra de arte ímpar que conseguiu expressar o sentimento de impotência que a classe trabalhadora vive, diante dos mecanismos impessoais do sistema capitalista industrial.

Expressões simples do nosso cotidiano revelam a grotesca lavagem cerebral que está nos tornado cada dia menos humanos; - o mundo é dos mais espertos – Deus ajuda a quem cedo madruga – Temos de nos adequar às exigências do mercado – O Mercado está pedindo pessoais sensíveis e socialmente comprometidas...- Capital humano!

Até a mais cética das criaturas tem que concordar. Deus existe. E o nome dele é MERCADO.