Chamo o Espaço Geográfico de "O bicho da Geografia" ou seja, aquele negócio que os(as) Geógrafos(as) metem o dedo, a língua e arregaçam. Dentre as várias áreas do conhecimento, a Geografia é aquela que consegue pelo menos arranhar a superfície rugosa, espessa e complexa das realizações humanas neste planeta.
A Geografia é a ciência dos lugares, das paisagens e dos territórios; é a ciência dos guetos e dos becos; é a ciência da dominação e da discórdia; é a ciência que faz diagnósticos e prognósticos.
E por falar nisso, como esta a cidade de Fortaleza?
Tem um prefeitinho que ninguém sabe e ninguém viu; perceberam, que depois de reeleito "Roberto Boneco Cláudio" desapareceu?
As lagoas estão sujas, os riachos estão entupidos, as ruas também estão sujas, na verdade a cidade toda está suja. Quer dizer, nem toda; pros lados da " Beverly Hills" está tudo bem limpinho.
Fortaleza é também uma cidade cheia de Não-lugares.
O muro que aparta a Fortaleza dos ricos e a Fortaleza da miséria não
tem traço definido. Não tem tijolos, nem cercas elétricas nem concertinas. Sabe-se que está ramificado, cortando um sem-número
de rincões espalhados pela quarta capital do País. Rígido, ergueu
estrutura que hoje consegue separar os que sucumbem com menos de R$ 70
por mês dos que acumulam rendas e luxos milionários.
Fortaleza ocupa o 5º lugar entre as cidades mais desiguais do mundo;
Fortaleza tem 7% da sua população com apenas 26% de toda a riqueza da cidade;
Fortaleza é a cidade mais densamente povoada do País e isso agrava a situação de desigualdade extrema.
A muralha
até pode delimitar as classes sociais, mas, por vezes, consegue
fazê-las coexistirem em mesmo endereço, tornando as diferenças
indivisíveis. Nos bairros Meireles, Edson Queiroz e Cidade 2000, por
exemplo, há bolsões de miséria imersos em nobres metros quadrados. São
comunidades que se formaram e sobrevivem por entre o luxo dos
condomínios fechados habitados pelo que se convencionou chamar de classe
média/alta fortalezense.
Os seres humanos que sucumbem com menos de R$ 70,00 e que ocupam as manchas de prosperidade da cidade são "personas non gratas", são criaturas que enfeiam a paisagem e mancham a beleza e a estética da " Belle Époque provinciana". Não é a toa que sempre são expulsos. Tal expulsão pode ser fundamentada na lei fria, viciada, cooptada e corrompida criminosamente pensada e elaborada no submundo pobre da Câmara Municipal e sancionada na mesa de sacrifícios do prefeito de plantão.
Os PDDU's (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano) são manchados de sangue.
2 comentários:
É interessante notar que mesmo que as desigualdades são enraizadas na trama física e social das metrópoles, surgem os espaços de resistência. "A muralha até pode delimitar as classes sociais, mas, por vezes, consegue fazê-las coexistirem em mesmo endereço, tornando as diferenças indivisíveis", quando li esse trecho logo lembrei da "Comunidade Das Quadras" e "Dos Trilhos", ambas cercadas por prédios de luxo,empreendimentos importantes aos olhos do capital, e próximas a importantes shoppings, e que mesmo assim resistem nesses espaços. Durante a "limpeza" na cidade para a Copa do Mundo de 2016, lembro de terem começado a construir um muro, que separava a Comunidade dos Trilhos, da Via Expressa ( uma via importante que liga justamente alguns bairros próximos ao Castelão, a Praia do Futuro e próximo Beira Mar), tudo para esconder dos turistas as desigualdades (e as RESISTÊNCIAS) enormes que saltam da paisagem dessa cidade.
Corrigindo: Copa de 2014*
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