sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Centro de multimeios nas escolas públicas: - O que é isso? Para servem? Qual a contribuição para o processo de ensino e de aprendizagem? Contribui ou é apenas um local para empréstimos de livros e “depósitos” de professores em fim de carreira, readaptados e/ou “problemáticos”?



A escola é um sistema e todos os seus espaços e entranhas são ou pelo menos devem ser ambientes de aprendizagem; do portão ao banheiro e deste aos corredores passando pela cantina. A construção da educação escolar não ocorre somente entre as paredes inertes, frias e quadrangulares da sala de aula convencional; claro que há professores que junto com estudantes dão vida e sentido a tijolos; mas nem sempre é assim. E partindo-se do princípio que a escola é conjunto complexo onde as interações devem acontecer é que estamos aqui fazendo tal provocação: a sala de meios multimeios é compreendida pela comunidade escolar como um espaço educativo e de relevância para a formação acadêmica dos educandos?   

  Segundo bibliografias que tratam da temática o objetivo de espaços desta natureza, é servir diretamente às escolas ou instituições de ensino com o mesmo rigor das bibliotecas especializadas. Porém, sua finalidade é contribuir ativamente com a educação colocando à disposição dos professores, alunos e demais interessados, o material necessário para o enriquecimento do programa escolar, habilitando-os a utilizar os livros e desenvolver a capacidade de pesquisa, além de sustentar os programas de ensino. A biblioteca deve ser organizada para integrar-se com a sala de aula no desenvolvimento do currículo escolar, e ter como objetivo despertar a leitura desenvolvendo o prazer de ler, podendo servir como suporte para a comunidade em suas necessidades de informação no cotidiano.

Segundo SOBRAL (1982), a pedagogia define biblioteca escolar como força propulsora do processo educacional, instrumento que colabora com as metas educativas e força responsável pelas diversas atividades empregadas no desenvolvimento do currículo. De acordo com CASTRILLÕN (1985), o conceito de biblioteca escolar parte da análise das funções de biblioteca com relação ao sistema educativo, o currículo, a leitura, o desenvolvimento da capacidade de pesquisa, da criatividade, com a aprendizagem permanente, a comunicação, a recreação, a capacitação do professor, a informação educativa e a relação com a comunidade.

 Para que os objetivos da educação possam ser atingidos, é necessário que os meios utilizados sejam compatíveis e eficazes. Portanto, entre os diversos recursos educativos encontra-se a biblioteca, considerada um recurso indispensável para o desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem e formação do educando/educador. A importância da biblioteca para a o processo educativo está no seu vínculo indissociável; enquanto a escola é o vínculo iniciador da instrução ou educação formal, a biblioteca a complementa. 

Conforme SILVA (1986), ensino e biblioteca não se excluem, completam-se, uma escola sem biblioteca é um instrumento imperfeito. A biblioteca sem ensino, sem a tentativa de estimular, coordenar e organizar a leitura será um instrumento vago e incerto. Mas sabe-se que a maioria das escolas públicas brasileiras não possui biblioteca e as que possuem, estão em estado calamitoso de funcionamento, seja em nível de organização ou de atualização de acervos. Esta situação de caos é complementada por uma distorção das funções do bibliotecário dentro da escola, uma vez que a biblioteca geralmente é conduzida e controlada, não por um especialista, mas por um professor em fase de se aposentar ou em função remanejada, que o priva da sala de aula.

Portanto, não se pode alienar a biblioteca do processo educativo, sem prejuízo para todos os interessados: o professor, que perde um grande aliado em termos de apoio técnico pedagógico; o bibliotecário ou responsável que vê seus esforços se perderem no vácuo das "impossibilidades" e, principalmente, os alunos que deixam de ter um grande instrumento de auxílio nas tarefas escolares e enriquecimento cultural na ampliação de seus horizontes e na formação de uma visão crítica (NERY et. al. 1989).

Concluímos por enquanto respondendo aos questionamentos iniciais: as bibliotecas escolares ou sala de multimeios, não nos interessa como a chamam; não é e não deve continuar a ter essa visão distorcida e tão rasa quanto um pires daqueles(as) que veem esses ambientes como “depósito de livros e de professores encostados” e que em pouco ou nada contribuem para a formação dos estudantes. Agora também cabe aos profissionais desses lugares trabalharem contra esta equivocada interpretação. 

Arre égua! 

Leia com mais profundidade sobre o assunto nas seguintes publicações:

  • CASTRILLON, Silvia. Modelo flexível para um sistema nacional de bibliotecas escolares. Brasília: FEBAB, 1985.
  •  NERY, Alfredina et. al. Biblioteca escolar: estrutura e funcionamento. São Paulo: Loyola, 1989.
  •  SILVA, Ezequiel T. Leitura e realidade brasileira. 3. ed. Porto Alegre: Mercado aberto, 1986.
  • SOBRAL, Elvira Barcelos. Recursos humanos para a biblioteca
    escolar. In.: SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE BIBLIOTECAS ESCOLARES, 1982, Brasília. Anais. Brasília: INL/UNB, 1982. p. 88-108.

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