Faz algum tempo que venho afirmando ser o(a) professor (a) uma criatura que sai batendo de porta em porta divulgando, oferecendo, vendendo ou até mesmo dando de graça algo, um produto que ninguém quer.
Na maioria das vezes as pessoas olham para o que traz e fazem cara de desdém, de deboche ou de descaso e dizem: não, não quero; e nem pedem para voltar depois.
Mas, o professor volta. O verdadeiro professor volta. Pesquisa, tenta, experimenta e busca outras formas para convencer seu " cliente" de que aquela coisa, aquele produto presta e é importante.
Fiz a fala acima em uma das turmas em que estou trabalhando neste ano de 2017 e fui surpreendido com o seguinte comentário:
" - O professor volta porque não tem dignidade."
A princípio ou poderia até ter ficado com raiva, indignado ou me sentindo desrespeitado. Mas, não. O(a) estudante estava certo(a), pelo menos a partir da sua visão de mundo e dos exemplos que possa ter visto e vivido em sua breve vida.
Existem alguns pseudoprofessores por aí afirmando:
- Só dou aula pra quem quer!
Pois é meu senhor e minha senhora, muito breve não estarás dando aula pra ninguém. Eu, euzinho aqui penso um pouco diferente. Tento trabalhar exatamente para aquele(a) que pensa que não quer, pois na verdade todo mundo quer alguma coisa. Se abandonarmos os jovens distantes, relapsos, trabalhosos, indisciplinados, desconcentrados, diferentes e escolher o estudante pseudoideal, só estaremos contribuindo para descivilizar a humanidade; estaremos contribuindo para o aumento da exclusão e da violência em todos sentidos.
Minha resposta para o estudante que fez a afirmação acima:
Não meu filho, o professor volta não é porque lhe falta dignidade, é porque acredita no ser humano, acredita que a educação pode mudar o mundo para melhor e sabe que se não voltar a bater naquela porta, um dia poderá encontrar o seu corruptor, encontrar um ser corrompido, encontrar um machista, um ser xenofóbico, um ser homofóbico, um fascista, um nazista ou até mesmo seu assassino.
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