quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Brasil, fevereiro de 2020 - O país à beira de um Golpe.

Normalmente as publicações aqui registradas são minhas...São do miolo...Mas às vezes procuro dar visibilidade a textos com conteúdo. Construídos com fundamentos históricos e por profissionais respeitados.

Segue então uma análise balizada da atual conjuntura política do Brasil feita por  Eliane Brum uma escritora e documentarista com trabalhos sérios registrados aqui na imprensa internacional.

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Golpe de Bolsonaro está em curso

Por Eliane Brum

Só não vê quem não quer. E o problema, ou pelo menos um deles, é que muita gente não quer ver. O amotinamento de uma parcela da Polícia Militar do Ceará e os dois tiros disparados contra o senador licenciado Cid Gomes (PDT), em 19 de fevereiro, é a cena explícita de um golpe que já está sendo gestado dentro da anormalidade. Há dois movimentos articulados. Num deles, Jair Bolsonaro se cerca de generais e outros oficiais das Forças Armadas nos ministérios, substituindo progressivamente os políticos e técnicos civis no Governo por fardados – ou subordinando os civis aos homens de farda nas estruturas governamentais. Entre eles, o influente general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, segue na ativa, e não dá sinais de desejar antecipar seu desembarque na reserva. O brutal general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, chamou o Congresso de “chantagista” dias atrás. Nas redes, vídeos com a imagem de Bolsonaro conclamam os brasileiros a protestar contra o Congresso em 15 de março. “Por que esperar pelo futuro se não tomamos de volta o nosso Brasil?”, diz um deles. Bolsonaro, o antipresidente em pessoa, está divulgando pelas suas redes de WhatsApp os chamados para protestar contra o Congresso. Este é o primeiro movimento. No outro, uma parcela significativa das PMs dos estados proclama sua autonomia, transformando governadores e população em reféns de uma força armada que passa a aterrorizar as comunidades usando a estrutura do Estado. Como os fatos já deixaram claro, essas parcelas das PMs não respondem aos Governos estaduais nem obedecem a Constituição. Tudo indica que veem Bolsonaro como seu único líder. Os generais são a vitrine lustrada por holofotes, as PMs são as forças populares que, ao mesmo tempo, sustentam o bolsonarismo e são parte essencial dele. Para as baixas patentes do Exército e dos quartéis da PM, Bolsonaro é o homem.

É verdade que as instituições estão tentando reagir. Também é verdade que há dúvidas robustas se as instituições, que já mostraram várias e abissais fragilidades, ainda são capazes de reagir às forças que já perdem os últimos resquícios de pudor de se mostrarem. E perdem o pudor justamente porque todos os abusos cometidos por Bolsonaro, sua família e sua corte ficaram impunes. De nada adianta autoridades encherem a boca para “lamentar os excessos”. Neste momento, apenas lamentar é sinal de fraqueza, é conversinha de sala de jantar ilustrada enquanto o barulho da preparação das armas já atravessa a porta. Bolsonaro nunca foi barrado: nem pela Justiça Militar nem pela Justiça Civil. É também por isso que estamos neste ponto da história.

Essas forças perdem os últimos resquícios de pudor também porque parte do empresariado nacional não se importa com a democracia e a proteção dos direitos básicos desde que seus negócios, que chamam de “economia”, sigam dando lucro. Esta mesma parcela do empresariado nacional é diretamente responsável pela eleição de um homem como Bolsonaro, cujas declarações brutais no Congresso já expunham os sinais de perversão patológica. Estes empresários são os herdeiros morais daqueles empresários que apoiaram e se beneficiaram da ditadura militar (1964-1985), quando não os mesmos.

Uma das tragédias do Brasil é a falta de um mínimo de espírito público por parte de suas elites financeiras. Elas não estão nem aí com os cartazes de papelão onde está escrita a palavra “Fome”, que se multiplicam pelas ruas de cidades como São Paulo. Como jamais se importaram com o genocídio dos jovens negros nas periferias urbanas do Brasil, parte deles mortos pelas PMs e suas “tropas de elite”. Adriano da Nóbrega – aquele que, caso não tivesse sido morto, poderia dizer qual era a profundidade da relação da família Bolsonaro com as milícias do Rio de Janeiro e também quem mandou assassinar Marielle Franco – pertencia ao BOPE, um destes grupos de elite.

Não há nada comparável à situação vivida hoje pelo Brasil sob o Governo de Bolsonaro. Mas ela só é possível porque, desde o início, se tolerou o envolvimento de parte das PMs com esquadrões da morte, na ditadura e além dela. Desde a redemocratização do país, na segunda metade dos anos 1980, nenhum dos governos combateu diretamente a banda podre das forças de segurança. Parte das PMs se converteu em milícias, aterrorizando as comunidades pobres, especialmente no Rio de Janeiro, e isso foi tolerado em nome da “governabilidade” e de projetos eleitorais com interesses comuns. Nos últimos anos as milícias deixaram de ser um Estado paralelo para se confundir com o próprio Estado.

A política perversa da “guerra às drogas”, um massacre em que só morrem pobres enquanto os negócios dos ricos aumentam e se diversificam, foi mantida mesmo por governos de esquerda e contra todas as conclusões dos pesquisadores e pesquisas sérias que não faltam no Brasil. E seguiu sustentando a violência de uma polícia que chega nos morros atirando para matar, inclusive em crianças, com a habitual desculpa de “confronto” com traficantes. Se atingem um estudante na escola ou uma criança brincando, é “efeito colateral”.

Desde os massivos protestos de 2013, governadores de diferentes estados acharam bastante conveniente que as PMs batessem em manifestantes. E como ela bateu. Era totalmente inconstitucional, mas em todas as esferas, poucos se importaram com esse comportamento: uma força pública agindo contra o cidadão. Os números de mortes cometidas por policiais, a maior parte delas vitimando pretos e pobres, segue aumentando e isso também segue sendo tolerado por uns e estimulado por outros. É quase patológica, para não dizer estúpida, a forma como parte das elites acredita que vai controlar descontrolados. Parecem nem desconfiar de que, em algum momento, eles vão trabalhar apenas para si mesmos e fazer os ex-chefes também de reféns.

Bolsonaro compreende essa lógica muito bem. Ele é um deles. Foi eleito defendendo explicitamente a violência policial durante os 30 anos como político profissional. Ele nunca escondeu o que defendia e sempre soube a quem agradecer pelos votos. Sergio Moro, o ministro que interditou a possibilidade de justiça, fez um projeto que permitia que os policiais fossem absolvidos em caso de assassinarem “sob violenta emoção”. Na prática é o que acontece, mas seria oficializado, e oficializar faz diferença. Essa parte do projeto foi vetada pelo Congresso, mas os policiais seguem pressionando com cada vez mais força. Neste momento, Bolsonaro acena com uma antiga reivindicação dos policiais: a unificação nacional da PM. Isso também interessa – e muito – a Bolsonaro.

Se uma parcela das polícias já não obedece aos governadores, a quem ela obedecerá? Se já não obedece a Constituição, a qual lei seguirá obedecendo? Bolsonaro é o seu líder moral. O que as polícias militares têm feito nos últimos anos, ao se amotinarem e tocarem o terror na população é o que Bolsonaro tentou fazer quando capitão do Exército e foi descoberto antes: tocar o terror, colocando bombas nos quartéis, para pressionar por melhores salários. É ele o precursor, o homem da vanguarda.

O que aconteceu com Bolsonaro então? Virou um pária? Uma pessoa em que ninguém poderia confiar porque totalmente fora de controle? Um homem visto como perigoso porque é capaz de qualquer loucura em nome de interesses corporativos? Não. Ao contrário. Foi eleito e reeleito deputado por quase três décadas. E, em 2018, virou presidente da República. Este é o exemplo. E aqui estamos nós. Vale a pergunta: se os policiais amotinados são apoiados pelo presidente da República e por seus filhos no Congresso, continua sendo motim?

Não se vira refém de uma hora para outra. É um processo. Não dá para enfrentar o horror do presente sem enfrentar o horror do passado porque o que o Brasil vive hoje não aconteceu de repente e não aconteceu sem silenciamentos de diferentes parcelas da sociedade e dos partidos políticos que ocuparam o poder. Para seguir em frente é preciso carregar os pecados junto e ser capaz de fazer melhor. Quando a classe média se calou diante do cotidiano de horror nas favelas e periferias é porque pensou que estaria a salvo. Quando políticos de esquerda tergiversaram, recuaram e não enfrentaram as milícias é porque pensaram que seria possível contornar. E aqui estamos nós. Ninguém está a salvo quando se aposta na violência e no caos. Ninguém controla os violentos.

Há ainda o capítulo especial da degradação moral das cúpulas fardadas. Os estrelados das Forças Armadas absolveram Bolsonaro lá atrás e hoje fazem ainda pior: compõem sua entourage no Governo. Até o general Ernesto Geisel, um dos presidentes militares da ditadura, dizia que não dava para confiar em Bolsonaro. Mas aí está ele, cercado por peitos medalhados. Os generais descobriram uma forma de voltar ao Planalto e parecem não se importar com o custo. Exatamente porque quem vai pagar são os outros.

As polícias são a base eleitoral mais fiel de Bolsonaro. Quando essas polícias se tornam autônomas, o que acontece? Convém jamais esquecer que Eduardo Bolsonaro disse antes da eleição que “basta um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal”. Um senador é atingido por balas disparadas a partir de um grupo de policiais amotinados e o mesmo filho zerotrês, um deputado federal, um homem público, vai às redes sociais defender os policiais. Não adianta gritar que é um absurdo, é totalmente lógico. Os Bolsonaros têm projeto de poder e sabem o que estão fazendo. Para quem vive da insegurança e do medo promovidos pelo caos, o que pode gerar mais caos e medo do que policiais amotinados?

É possível fazer muitas críticas justas a Cid Gomes. É possível enxergar a dose de cálculo em qualquer ação num ano eleitoral. Mas é preciso reconhecer que ele compreendeu o que está em curso e foi para a rua enfrentar com o peito aberto um grupo de funcionários públicos que usavam a estrutura do Estado para aterrorizar a população, multiplicando o número de mortes diárias no Ceará.

A ação que envergonha, ao contrário, é a do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que, num estado em dificuldades, se submete à chantagem dos policiais e dá um aumento de quase 42% à categoria, enquanto outras estão em situação pior. É inaceitável que um homem público, responsável por tantos milhões de vidas de cidadãos, acredite que a chantagem vai parar depois que se aceita a primeira. Quem já foi ameaçado por policiais sabe que não há maior terror do que este, porque além de terem o Estado na mão, não há para quem pedir socorro.

Quando Bolsonaro tenta responsabilizar o governador Rui Costa (PT), da Bahia, pela morte do miliciano Adriano da Nóbrega, ele sabe muito bem a quem a polícia baiana obedece. Possivelmente não ao governador. A pergunta a se fazer é sempre quem são os maiores beneficiados pelo silenciamento do chefe do Escritório do Crime, um grupo de matadores profissionais a quem o filho do presidente, senador Flavio Bolsonaro, homenageou duas vezes e teria ido visitar na cadeia outras duas. Além, claro, de ter empregado parte da sua família no gabinete parlamentar.

Não sei se pegar uma retroescavadeira como fez o senador Cid Gomes é o melhor método, mas era necessário que alguém acordasse as pessoas lúcidas deste país para enfrentar o que está acontecendo antes que seja demasiado tarde. Longe de mim ser uma fã de Ciro Gomes, mas ele falou bem ao dizer: “Se você não tem a coragem de lutar, ao menos tenha a decência de respeitar quem luta”.

A hora de lutar está passando. O homem que planejava colocar bombas em quartéis para pressionar por melhores salários é hoje o presidente do Brasil, está cercado de generais, alguns deles da ativa, e é o ídolo dos policiais que se amotinam para impor seus interesses pela força. Estes policiais estão acostumados a matar em nome do Estado, mesmo na democracia, e a raramente responder pelos seus crimes. Eles estão por toda a parte, são armados e há muito já não obedecem ninguém.

Bolsonaro têm sua imagem estampada nos vídeos que conclamam a população a protestar contra o Congresso em 15 de março e que ele mesmo passou a divulgar por WhatsApp. Se você não acha que pegar uma retroescavadeira é a solução, melhor pensar logo em outra estratégia, porque já está acontecendo. E, não se iluda, nem você estará a salvo.
 Fonte:https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-02-26/o-golpe-de-bolsonaro-esta-em-curso.html?ssm=whatsapp.

sábado, 22 de fevereiro de 2020

Tinha uma mulher.

"Tinha uma mulher. Eleita. Que venceu um homem.
Tinha uma mulher que não tinha um homem. Que não precisava andar atrás de homem, que não precisava do dinheiro de um homem e, por isso, não precisava de permissão de homem para escolher no restaurante, porque bancava as próprias vontades.
Tinha uma mulher que não era amiga, nem condecorava milícia, nem homenageava torturador porque sabia da covardia da violência.
Tinha uma mulher que não andava de rosa, nem gostava de babadinhos. Uma mulher considerada "grossa", "intratável", essas coisas permitidas aos homens e neles vistas como "atitudes".
Tinha uma mulher que nunca aceitou o lugar de "graciosa" e "delicada" porque nunca aceitou o lugar de "voluntária" e preferiu o de protagonista.
Tinha uma mulher que não se escorava na bíblia violenta, machista e fálica das espadas, lanças e de deuses dos exércitos.
Tinha uma mulher que gostava das letras, dos livros, do teatro e do cinema.
Tinha uma mulher que confiava em outras mulheres em suas áreas de atuação ou ministérios.
Tinha uma mulher que respeitava poderes.
Tinha uma mulher que respeitava imprensa. Que nunca determinou revista aos pertences dos jornalistas ou exigiu que estes chegassem em agendas presidenciais com cinco horas de antecedência, ou que ficassem, na cobertura destas agendas, sem água e sem banheiro.
Tinha uma mulher que nunca cerceou o fazer profissional cancelando assinaturas de jornais ou ameaçando retirar concessões.
Tinha uma mulher que nunca se negou a prestar esclarecimentos para o país.
Tinha uma mulher que não se acovardava atrás de claques.
Tinha uma mulher que nunca fez menção a opção e práticas sexuais de ninguém porque entendia que isso não era assunto público, muito menos de estado.
Tinha uma mulher."

*Vanessa Maia*
Jornalista/Professora

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Educação sexual salva vidas e é urgente.*

Por: Anna Karina Cavalcante.
Professora de História da rede publica estadual e feminista.
Acredito que não posso ser feminista porque sou homem; mas posso sim ser apoiador e divulgador da luta. Foi e é por causa de grandes mulheres aguerridas que direitos e respeito foram conquistados. Essas vitórias são de todas as mulheres inclusive daqueles que ignorantemente se dizem anti-feministas. As mulheres não são coisas, não são objetos e muito menos bibelôs. Portanto é importante e necessário que o conhecimento, a formação e a politização das mulheres sejam ações permanentes para impedir o aumento da violência contra as mesmas; algo que infelizmente é promovido pelo atual presidente do Brasil. 

Povo bonito, leiamos o artigo da professora Anna Karina Cavalcante publicado no jornal OPOVO; trata dessas questões; é uma aula.


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O quadro de ódio a mulheres (misoginia) é estarrecedor. O Brasil sai de 2019 com o título de campeão da América Latina e Caribe em violência contra mulheres. Segundo dados do Anuário de Segurança Pública de 2019, o ano de 2018 foi o mais violento contra as mulheres desde pelo menos 2009. Foram mais de 180 estupros por dia.Cento e oitenta! Isso oficialmente. A cada hora mais de sete mulheres foram violentadas e dessas mais de cinco foram menores de 17 anos.Isso mesmo. Mais de 71% das vítimas foram jovens de até 17 anos e,entre elas, o maior grupo foi de meninas de até NOVE anos. Crianças! 

A imensa maioria desses estupros acontecem, não no meio da rua, em becos escuros, tarde da noite, motivados por roupa curta,por estar andando sozinha ou por embriaguez. Nem tão pouco, a maioria dos estupradores são desconhecidos, com armas apontadas para as cabeças das vítimas. Lembram que a maioria das vítimas são crianças? É dentro de suas casas que essas mulheres e meninas,tratadas como propriedades de seus parentes, conhecem a violência moral, física e sexual.
Esses dados são mais alarmantes quando consideramos que não há educação sexual em nossas escolas e o governo federal esforça-se exatamente no sentido de impedir que haja. Na medida em que se impede, censura, veta, persegue a discussão de gênero e de sexualidade nas escolas, cresce o ambiente que propaga violências e abusos.

Educação sexual não diz respeito a ensinar como fazer sexo. É, entre outras coisas, ensinar desde cedo a essas crianças que o sexo para elas NÃO pode, que os corpos não devem ser violados, que é crime, é errado, é violência. A falta de educação sexual leva a vulnerabilidade. Quando alguém é contra a educação sexual nas escolas, na prática, está defendendo que as vítimas sigam vulneráveis, com medo e no silêncio, ou seja, defende a continuidade dos abusos sexuais.
A violência contra mulheres e, sobretudo contra nossas meninas, é no fim das contas, uma decisão política de governantes e parlamentares, e até por isso, precisa e pode ser parada. Pela vida das mulheres, por todas nós.

Anna Karina Cavalcante
Professora da rede estadual, feminista e ex-candidata ao senado pelo PSOL
annakarina.psol@gmail.com


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Vou fundar uma igreja.

Tem-se atualmente "igrejas" internacionais, mundiais e universais. Indivíduos que se autointitulam pastores, bispos, missionários e apóstolos. Vou entrar nessa também: fundarei a Igreja Galática Cósmica do Multiverso Infinito e da Curvatura do Tempo.

Preciso de um título.

Da série pastores do satanás.

Parte I

Determinada igreja aqui no Brasil é obrigada a devolver dinheiro de idoso que vendeu carro pra obter milagre.

Fieis da instituição religiosa, o casal de idosos, Domingos de Deus Corrêa e Socorro dos Santos Corrêa, resolveram fazer doação expressiva em dezembro de 2016. Ele vendeu o carro por R$ 18 mil e ainda pegou a aposentadoria de R$ 1.980 de dezembro e doou tudo para a igreja. O milagre, no entanto, não veio e o casal passou a enfrentar dificuldades financeiras. 

Isso sim é uma Doutrinação perigosa e nefasta.
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Parte II

A 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul anulou doação feita por um aposentado com câncer a UMA DETERMINADA IGREJA liderada por um certo autoproclamado APÓSTOLO. Com a decisão, o autor receberá de volta R$ 7 mil — valor equivalente a sete meses de pensão — corrigidos desde junho de 2013.
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terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Metendo o dedo no mundo.

Sim, nós temos que nos meter; nos meter em quase tudo; menos na vida pessoal, íntima e individual das demais pessoas.

A escola tem que ensinar, orientar, instrumentalizar os jovens para que saibam a meter o dedo no mundo; intervir no mundo; cutucar o mundo. As coisas estão aí: paisagens, lugares e territórios com suas rugosidades e acontecimentos. E como diz parte da letra da música de abertura do desenho animado japonês Dragon Ball Z:     

Posso pressentir o perigo e o caos
E ninguém agora vai me amedrontar
Com a minha mente vou a mil lugares 
E a imaginação me dá forças pra voar

Para sentir, para pressentir precisamos experimentar, se aventurar e não ter medo de olhar nas várias direções. Para intervir temos que aprimorar nossos sentidos; todos os sentidos. Neste processo de educação dos sentidos a educação holística precisa ser diariamente praticada com o objetivo de nos tornarmos seres humanos melhores. Educar os sentidos é despertar possibilidades seja de quem for, ajudando o ser a ser em sua plenitude.   

E para se intrometer no mundo é a educação um instrumento ímpar na construção desses sentidos. Rubem Alves, grande educador brasileiro tem um texto maravilhoso em que ele diz: “a primeira função da educação é ensinar a ver”.  Educar o olhar é a arte por excelência. Os revolucionários, os místicos, os poetas, os profetas, os videntes porque têm os olhos educados são seres apaixonados e a paixão é o segredo do sentido da vida para nunca deixar de ser criança. 

- Acho isso lindo!

Uma intervenção orgânica no mundo necessita deste ditame. Na Educação dos Sentidos, “observar é progredir das percepções dos sentidos para a ideia, do concreto para o abstrato, dos sentidos para a inteligência, dos dados para o julgamento, por meio de atividades concretas que são, ao mesmo tempo, expressão do pensamento e da experiência” (VALDEMARIN, 2000:77). 

Estudantes e colegas professores eu ainda acredito nisso. Creio que só e somente só por tal perspectiva é consigamos viver com mais alegria e autonomia.

Portanto, vamos sentir e meter o dedo no mundo, E com Tesão, por gentileza.

Henrique Gomes de Lima.