quarta-feira, 22 de março de 2017

O Bicho da Geografia - Diagnósticos e Prognósticos.

Chamo o Espaço Geográfico de "O bicho da Geografia" ou seja, aquele negócio que os(as) Geógrafos(as) metem o dedo, a língua e arregaçam. Dentre as várias áreas do conhecimento, a Geografia é aquela que consegue pelo menos arranhar a superfície rugosa, espessa e complexa das realizações humanas neste planeta.

A Geografia é a ciência dos lugares, das paisagens e dos territórios; é a ciência dos guetos e dos becos; é a ciência da dominação e da discórdia; é a ciência que faz diagnósticos e prognósticos.

E por falar nisso, como esta a cidade de Fortaleza?

Tem um prefeitinho que ninguém sabe e ninguém viu; perceberam, que depois de reeleito "Roberto Boneco Cláudio" desapareceu?
As lagoas estão sujas, os riachos estão entupidos, as ruas também estão sujas, na verdade a cidade toda está suja. Quer dizer, nem toda; pros lados da "  Beverly Hills" está tudo bem limpinho.

Fortaleza é também uma cidade cheia de Não-lugares.  

O muro que aparta a Fortaleza dos ricos e a Fortaleza da miséria não tem traço definido. Não tem tijolos, nem cercas elétricas nem concertinas. Sabe-se que está ramificado, cortando um sem-número de rincões espalhados pela quarta capital do País. Rígido, ergueu estrutura que hoje consegue separar os que sucumbem com menos de R$ 70 por mês dos que acumulam rendas e luxos milionários.

Fortaleza ocupa o 5º lugar entre as cidades mais desiguais do mundo; 

Fortaleza tem 7% da sua população com apenas 26% de toda a riqueza da cidade;

Fortaleza é a cidade mais densamente povoada do País e isso agrava a situação de desigualdade extrema.

A muralha até pode delimitar as classes sociais, mas, por vezes, consegue fazê-las coexistirem em mesmo endereço, tornando as diferenças indivisíveis. Nos bairros Meireles, Edson Queiroz e Cidade 2000, por exemplo, há bolsões de miséria imersos em nobres metros quadrados. São comunidades que se formaram e sobrevivem por entre o luxo dos condomínios fechados habitados pelo que se convencionou chamar de classe média/alta fortalezense.

Os seres humanos que sucumbem com menos de R$ 70,00 e que ocupam as manchas de prosperidade da cidade são "personas non gratas", são criaturas que enfeiam a paisagem e mancham a beleza e a estética da " Belle Époque provinciana". Não é a toa que sempre são expulsos. Tal expulsão pode ser fundamentada na lei fria, viciada, cooptada e corrompida criminosamente pensada e elaborada no submundo pobre da Câmara Municipal e sancionada na mesa de sacrifícios do prefeito de plantão.

Os PDDU's (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano) são manchados de sangue.




2 comentários:

  1. É interessante notar que mesmo que as desigualdades são enraizadas na trama física e social das metrópoles, surgem os espaços de resistência. "A muralha até pode delimitar as classes sociais, mas, por vezes, consegue fazê-las coexistirem em mesmo endereço, tornando as diferenças indivisíveis", quando li esse trecho logo lembrei da "Comunidade Das Quadras" e "Dos Trilhos", ambas cercadas por prédios de luxo,empreendimentos importantes aos olhos do capital, e próximas a importantes shoppings, e que mesmo assim resistem nesses espaços. Durante a "limpeza" na cidade para a Copa do Mundo de 2016, lembro de terem começado a construir um muro, que separava a Comunidade dos Trilhos, da Via Expressa ( uma via importante que liga justamente alguns bairros próximos ao Castelão, a Praia do Futuro e próximo Beira Mar), tudo para esconder dos turistas as desigualdades (e as RESISTÊNCIAS) enormes que saltam da paisagem dessa cidade.

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