sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Homofóbicos vivem no armário.


Trabalhei em um bar-restaurante de 1992 a 1998. Ocupei todas  as funções, mas foi como garçom que percebi como esta profissão é emblemática: primeiro somos nós quem fazemos a fama do lugar e segundo, sabemos da vida de quase todos os clientes, principalmente os fiés. Não porque queiramos, mas é que viramos confidentes e presenciamos as cenas mais inusitadas.

I. Cliente X 

Quando vinha beber com os amigos piadas eram o que não faltavam e a preferida era sobre gays. Sobravam deboches e ofensas.
Todos os sábados vinha jantar com a família - Pai, mãe e filhinhos. Mulher elegante, filhos divertidos e marido enérgico, com foz de trombone, mecânico e barba mal feita. Comiam, bebiam sucos e refrigerantes e depois tomavam sorvete. Pagava a conta, entravam no carro e iam embora lá pelas 22h. 

Lá pelas tantas ele voltava acompanhado de um outro homem. Sentava na mesma mesa onde esteve com a família horas atrás. Comiam e bebiam, não tomavam sucos nem sorvetes. O clima era de completo romance. Pagava a conta e me dava uma gorjeta de R$ 50,00. Atravessavam a rua e entravam no Motel Paradise. Isso acontecia sempre.

II. Colega de escola Y.

O mais popular, o mais fera no futebol, o mais forte. Também era o mais grosseiro e adorava humilhar garotos que eram gays.
Belo dia é flagrado dentro do banheiro aos beijos e amaços com outro rapaz.

III. Colega de trabalho Z.

Em uma das instituições que trabalhei conheci um determinado professor. Meia idade, casado e pai. Nos conselhos de classe era quem mais reclamava dos alunos gays.Dizia que atrapalhava as aulas, que eram anormais, doentes e que também era falta de peia.

Belo dia venho da biblioteca da antiga sede do Centro Cultural do BNB, no centro comercial da cidade. Sigo caminhando pela calçada depois da praça, onde há uma farmácia embaixo e um motel em cima. A porta do motel dá direto para a calçada. Ao passar em frente a essa respectiva porta quase sou atropelado pela pessoa que sai quase correndo. Fico frente a frente com a criatura. Imaginem quem é? - Isso mesmo, o professor homofóbico! Junto dele...outro homem. Ambos de cabelo molhado.

Silêncio sepulcral - Parte I 

Este homem ficou sem cor e ao mesmo tempo com todas as cores do arco-íris.

Perco o amigo, mas não perco a piada.

Pergunto: - E aí professor, foi bom pro senhor?

Silêncio sepulcral - Parte II 

É, realmente os homofóbicos vivem dentro do armário. Coitados.

3 comentários:

Eduarda disse...

Super verdade. Adorei o blog, sou sua aluna do AB do 1 D, abraçoo

Anônimo disse...

Muito show. Adorei sou aluno do AB do 1 D, abraço!!

Anônimo disse...

Tá mto show...miolo do Henrique é foda!