domingo, 20 de abril de 2014

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES II



No meu tempo existia desejo, charme, tesão, fetiches e fantasias. Acredito que essas coisas sempre existiram e sempre existirão. Um dos grandes feitos era conseguir ver a calcinha de uma garota estendida no varal. Se alguém conseguisse ver pelo menos de longe e por uma brecha a cor da calcinha de uma menina era digno de premiação e desfile em carro aberto.

Claro que nos arrumávamos para ir às festas mas, antes de idiotamente querermos exibir roupas e adereços a maior preocupação era fazer com que as garotas soubessem que nossa família era de bem e que éramos trabalhadores e honestos. 

As coisas estão meio esquisitas agora. As moças nem calcinha usam e quando usam fazem questão de mostrá-las, perdeu até a graça. Os rapazes criam uma casca ao redor de si. Moldam o corpo como bonecos infláveis ao mesmo tempo em que o transformam em base para todas as formas de propagandas.Percebe-se de maneira muito clara que esta sendo construída e consolidada no Brasil a cultura da ostentação burra e medíocre. Isso pra não falar na “pornografização” das relações amorosas.

O funk e o forró por exemplo, são ritmos dinâmicos e possuem no seu cerne uma construção simbolicamente carregada de arte e história. Mas atualmente suas letras ajudam a construir uma mamada de idiotas e seres sexualmente vulgares e dignos de pena.

Observem esta composição:

(...) Quando chega na balada, sempre chama atenção
Pelas roupas que ele usa, e a grossura do cordão
Deixa os playboys rasgar, sempre com muita fartura (...)

- Conclusão: sem as roupas “de marca”, ele só pode ser um tolete de bosta e, quanto “ a grossura” do cordão... bem – Freud explica.

Esta outra obra prima é de uma banda de forró muito famosa:

(...) Whisky com Redbull, a mais perfeita mistura
      Empura Whisky Nela
      Empura Whisky Nela
      Empura Whisky Nela
      Que ela beba, ela libera
(...)

- Conclusão: Whiske com Redbull causa taquicardia. Seu consumo em excesso pode matar. O compositor e os intérpretes além de demonstrarem nenhum respeito pelas mulheres ainda incentivam dopá-las, para que elas bêbadas, liberem – liberem o quê? E, se não quiserem liberar? Faz-se o quê? Imagino a resposta da “ maioria”.
                                                                      
Outra letra de funk diz:

(...)   Eu sei como te impressionar, boto o cordão pra fora que elas morre
        Vô de RR, trajado de Cristian, as mulherada entra em choque
(...) 

- Conclusão: O que diabo é isso? Outra vez o cordão! Ou esse cordão é primo do anel do    “ Frodo” ou as mulheres de hoje são criaturas tão bestiais que se impressionam com qualquer porra.                 

E os grandes pensadores contemporâneos continuam:

(...) Se liga aí muleke
      Você não manja nada
      Tu compra camarote e eu compro toda a balada
(...)

(...) Se esse vídeo não bombar eu compro visualização (...)

Conclusão: quem esta na balada nestas condições é comprável; são todos objetos descartáveis 

E agora senhoras e senhores para não concluir este papo  trago outras pérolas. Gostaria de avisar as pessoas que leem meus escritos que as palavras e termos aqui colocados nas citações não são meus, os mesmos fazem parte de letras de forrós e de funks de bandas e MC´s muito ouvidos no Brasil e que ganham rios de dinheiro às custas da nossa imbecilidade. 

A letra a seguir faz parte do álbum da Grande Pensadora Contemporânea Brasileira, acompanhemos: 

(...) Eu vou te dar um papo
      Vê se para de gracinha
      Eu dô pra quem quiser
     Que a porra da buceta é minha(...)

Quer mais uma?

(...) Eu ficava sozinha,esperando você
      Eu gritava e chorava que nem uma maluca...
      Valeu muito obrigado mas virei PUTA
!!! (...)

Quer mais outra?

(...)Se levantar a garrafa,
     A minha buceta pisca,
    Pisca, pisca, pisca, pisca,
    Pisca, pisca, pisca, pisca,
    Pisca, pisca, pisca, pisca,
    Pisca, pisca, pisca, pisca,
    Pisca, pisca, pisca, pisca,
    Pisca, pisca, pisca, pisca
...(...)

Ah, ia me esquecendo: Açucena. 

4 comentários:

DR. Espetinho. disse...

voçe tem razão,mas porque lembrou da bela açucena e porque não carmeleas.
explique se;ass.DR. Espetinho.

Unknown disse...

São tantos confusos à procura de um ombro seguro, mas andam em lugares onde só as moscas se fartam, pois bem sabem que a hora certa é sempre deixada para o final da vida, de encontrar alguém que se preserve e tenha em si um complemento interessante, não que seja apenas intelecto, mas que seja de fato menos alienação, porém, se desejam preservação, então por qual motivo também não se preservam?
Viraram todos objetos de uso descartável, menos a açucena kkkkkkkkk e eu ;)
Magnífico seu texto, ou especulação sobre a "atualidade". Herinque, foi maravilhoso revê-lo, espero encontrá-lo outras vezes.
Elisângela Ramos
Forte Abraço.

Anônimo disse...

A ideologia do mundo mudou,principalmente na força criadora ,a juventude,que tem maior atenção ,pois é a base da vida moderna ser jovem.A indústria cultural incetiva e expande suas normas e formas para ser seguidas ,no Brasil,marcado pelo novo consunismo,as letras de música passam por esse mesmo processo de culturação do modo de vida estabelecido pela sociedade capitalista. ramon

Thalia disse...

Não sou fã dessas músicas de forró mais também não abomino esse ritmo e confesso que gosto, não pelas músicas claro, mais gosto de dançar gosto de sair!! e quando estamos no meio delas não notamos o tamanho peso que elas tem! Li esse texto e passei refletir, que mundo imundo vivemos.. isso são músicas mais na realidade de pessoas como essas que idolatram e amam, é a realidade, e na realidade é bem pior! Amei seu pensamento!! bjos!