segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Arte



UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTE
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E SOCIOLÓGICOS DA ARTE
PROFESSOR: Dr. DILMAR S. MIRANDA
ALUNO: HENRIQUE GOMES DE LIMA

AVALIAÇÃO FINAL DA DISCIPLINA

QUESTÕES PROPOSTAS PARA DISCUSSÃO

1.    Durante todo o curso deparamo-nos com vários conceitos a respeito da arte. Discorra sobre esta questão, desenvolvendo sua própria concepção.
  1. São várias as hipóteses que apontam e sugerem as origens das artes. Analise-as.
3.    Destaque e analise os cânone(s) relevante(s) das diferentes doutrinas de cada momento da história da arte ocidental.
4.    Em vários momentos do curso, refletimos sobre o processo de efetivação da obra de arte na sociabilidade. Qual sua opinião sobre este tema?
5.    A arte ocidental sempre tendeu ao processo de autonomização. Analise os tipos de autonomia que ela buscou.
6.    Qual a diferença entre o conceito de belo-em-si e o ideal de belo, e quando, na história do pensamento estético ocidental, se processou tal distinção?
7.    Em que o movimento artístico-cultural Renascimento tem, paradoxalmente, de retomada e/ou ruptura com a tradição clássica grega.
8.    O que é arte hoje?

Questão alternativa - Desenvolva a seguinte proposta de trabalho do seguimento Fundamentos Filosóficos e  Sociológicos da Arte:
Considerando todo o teor visto e analisado durante o curso e os debates em sala de aula, a bibliografia indicada, os diversos vídeos apresentados, o filme exibido (Agonia e Êxtase) bem como trechos de outros filmes, problematize uma questão e desenvolva-a.


 QUESTÃO 01.

CONCEITUANDO ARTE

A Arte é a expressão do belo. Esta definição, comum até há algumas décadas, conduz a outra questão: O que é belo? Aí, a resposta se torna bem mais complicada. O que é motivo de escárnio para uns, transforma-se em emoção para outros. Arte é contradição. O artista interpreta o mundo em que vive e não pode estar alheio às mudanças da própria sociedade. Caminha com elas e até adiante delas, provocando escândalo e  reações iradas dos mais conservadores. O artista não busca a unanimidade; não é um copista, é um desbravador: busca o diferente onde todo mundo só vê o igual.
Estudiosos da questão afirmam que e vivência em arte requer um saber historicamente construído, um fazer consciente e um sentir subjetivo. Cabe portanto, aos indivíduos buscar tais experiências, perceber e sentir o que se convencionou chamar de experiência estética. Diante disso, o expectador tem que perceber que o artista é, acima de tudo, um inconformado. Não segue a corrente, mas luta contra ela. É um visionário, que almeja dar à sociedade onde vive um enfoque que nem ela consegue, ainda ver. E é por isso que os movimentos, via de regra, sofrem forte oposição em seu início, para serem compreendidos bem mais tarde, quando a idealização artística passa a ser assimilada. Compreender as manifestações artísticas é a nosso ver um dos caminhos para a construção do conceito de Arte.
A enciclopédia Encarta (edição em inglês) define, a seu modo, o que é arte:
"Arte é uma atividade regular e disciplinada, que pode estar limitada à habilidade, como pode também se expandir, criando uma visão distinta e peculiar do mundo. A palavra arte é derivada do latim ars, significando habilidade. A arte é, pois, a habilidade de desenvolver um conjunto de ações especializadas, desde a jardinagem ao jogo de xadrez. Entretanto, dentro de um entendimento mais específico, arte envolve não apenas habilidade mas sobretudo imaginação, seja na música, na literatura, na apresentação visual ou na interpretação."
Com o passar do tempo histórico e de suas impressões materiais e imateriais no espaço geográfico, percebe-se que nos tempos atuais há uma tendência de levar em consideração a esperiência estética do apreciador e chegamos a uma conclusão de que arte é a interpretação peculiar de alguém, diante dos acontecimentos passados, ou diante do comportamento social hoje e de seus supostos desdobramentos futuros, que anunciam modificações significativas no mundo todo ou em regiões específicas,  despercebidas, por ora, ao cidadão comum, mas que são captadas e materializadas na pauta de um compositor, na pena de um poeta, nos pincéis de um pintor,  no cinzel de um escultor ou ainda na expressividade de um ator. 
Se tal não acontecer, então não estamos mais diante de uma manifestação artística, mas de artesanato, também uma expressão do belo mas sem a mensagem profunda que só o artista verdadeiro consegue transmitir. Mas se, por um lado, o artista é único e insubstituível na interpretação do seu universo, por outro, ele é em muito o produto da sociedade em que vive. É a sociedade que lhe proporciona conhecimento, visão de conjunto e toda uma infra-estrutura que lhe permite expressar seus sentimentos. É ela, a sociedade, que chancela sua criação, aprovando ou reprovando, mas sempre reagindo, de alguma forma, frente à obra criada.
     Então, arte implica na interação contínua e constante entre o artista e a sociedade. Não importa qual a reação do público, se positiva ou negativa, o que importa é que o artista conseguiu "incomodar", provocando um retorno diante de seu trabalho. O inconformismo do artista diante do mundo, traduzido em sua obra, só é válido na medida em que desperta sentimentos em quem contempla o trabalho. A apatia é a inimiga número um da arte.
Nossa reflexão enquanto profissionais da educação e que vivemos o dia-a-dia das relações concretas com estudantes vem no sentido de nos colocarmos como provocadores dessa discussão. Fornecer os elementos subjetivos e práticos para que nossos educandos possam vivenciar experiencias estéticas de forma consciente e assim ter a oprtunidade de criar sua conceituação. Claro que antes se faz necessário que o educador também tenha passado por esse processo de sedimentação para que seu labor se torne significante e verdadeiro.    

 QUESTÃO 02.

HISTORIANDO A ARTE

Conforme afirmamos no texto anterior  a Arte é normalmente é entendida como a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta) por parte do ser humano, feita com a intenção de estimular os sentidos, bem como transmitir emoções e/ou idéias. A definição de arte, no entanto, é fruto de um processo sócio-cultural e depende do momento histórico em questão, variando bastante ao longo do tempo.
Originalmente, a arte poderia ser entendida como o produto ou processo em que o conhecimento é usado para realizar determinadas habilidades. Esse é o sentido usado em termos como "artes marciais". Este era o sentido que os gregos, na época clássica (séc. V a.C.), entendiam a arte: não existia a palavra arte no sentido que empregamos hoje, e sim "tekné", da qual originou-se a palavra "técnica" nas línguas neo-latinas. Para eles, havia a arte, ou técnica, de se fazer esculturas, pinturas, sapatos ou navios. No sentido moderno, também podemos incluir o termo arte como a atividade artística ou o produto da atividade artística. Tradicionalmente, o termo arte foi utilizado para se referir a qualquer perícia ou maestria, um conceito que terminou durante o período romântico, quando arte passou a ser visto como "uma faculdade especial da mente humana para ser classificada no meio da religião e da ciência".
A arte existe desde que há indícios do ser humano na Terra. Mesmo sabendo que nesse período, ainda não houvesse o despertar da fruição.  Ao longo do tempo, a função da arte tem sido vista como um meio de espelhar nosso mundo (naturalismo), para decorar o dia-a-dia e para explicar e descrever a história e os diversos eus que existem dentro de um só ser (como pode ser visto na literatura), e para ajudar a explorar o mundo e o próprio homem.
Percebe-se portanto que o processo artístico, contribuiu de forma expressiva para o caminho civilizatório dos diversos grupos humanos em todos os cantos do planeta. Entedemos aqui “ processo civilizatório” como a construção de identidades e de consciência.
Os historiadores de arte buscam determinar os períodos que empregam certo estilo estético, denominando-os por 'movimentos artísticos'. A arte registra as idéias e os ideais das culturas e etnias, sendo assim, importante para a compreensão da história do Homem e do mundo.
Formas artísticas podem extrapolar a realidade, exagerar coisas aceitas ou simplesmente criar novas formas de se perceber a realidade. Em algumas sociedades, as pessoas consideram que a arte pertence à pessoa que a criou. Geralmente consideram que o artista usou o seu talento intrínseco na sua criação. Essa visão (geralmente da maior parte da cultura ocidental) reza que um trabalho artístico é propriedade do artista. Outra maneira de se pensar sobre talento é como se fosse um dom individual do artista. Os povos judeus, cristãos e muçulmanos possuem esta visão sobre a arte.
Outras sociedades consideram que o trabalho artístico pertence à comunidade. O pensamento é levado de acordo com a convicção de que a comunidade deu ao artista o capital social para o seu trabalho. Nessa visão, a sociedade é um coletivo que produz a arte através do artista, que apesar de não possuir a propriedade da arte, é visto com importância para sua concepção. Existem contradições quanto à honra ou ao gosto pela arte, indicando assim o tipo de moral que a sociedade exerce.
Analisar as origens das Artes torna-se muito delicado, uma vez que cada grupo de estudiosos procura associá-las a determinados parâmetros temporais e interpretativos. Julgamos procedente utilizar métodos ou proposições de acordo com o enfoque espacial que se quer dá.   
O método formalista mais antigo, entende que a obra de arte se dá pelas formas e sua compreensão também. O método histórico entende que a obra de arte é um fato histórico, portanto reflexo e ação em um determinado contexto histórico. O 'método sociológico entende a obra de acordo com o estudo da sociedade a qual ela pertence. O método iconográfico entende a obra pelos ícones e símbolos que ela carrega.
Se formos analisar a arte ao longo da história, podemos começar pela Arte da Pré-História, que é o período onde se mostram as primeiras demonstrações de arte que se tem notícia na história humana. Retratavam animais, pessoas, e até sinais. Havia cenas de caçadas, de espécies extintas, e em diferentes regiões. Apesar do desenvolvimentos primitivo, podem-se distinguir diferentes estilos, como pontilhado (o contorno das figuras formado por pontos espaçados) ou de contorno contínuo (com uma linha contínua marcando o contorno das figuras). Apesar de serem vistas como mal-feitas e não-civilizadas, as figuras podem ser consideradas um exemplo de sofisticação e inovação para os recursos na época. Não existem muitos exemplos de arte-rupestre preservada, mas com certeza o mais famoso deles é o das cavernas de Lascaux, na França.
Se dermos um grande salto no tempo, chegaremos à Arte do Antigo Egito, o palco para uma das mais interessantes descobertas do ser humano. A arte egípcia, à semelhança da arte grega, apreciava muito as cores. As estátuas, o interior do templos e dos túmulos eram profusamente coloridos. Porém, a passagem do tempo fez com que se perdessem as cores originais que cobriam as superfícies dos objetos e das estruturas.
Os criadores do legado egípcio chegam aos nossos dias anônimos, sendo que só em poucos casos se conhece efetivamente o nome do artista.
As grandes tradições na arte têm um fundamento na arte de uma das grandes civilizações antigas: Antigo Egito, Mesopotâmia, Pérsia, Índia, China, Grécia Antiga, Roma, ou Arábia (antigo Iêmen e Omã). Cada um destes centros de início civilização desenvolveu um estilo único e característico de fazer arte. Dada a dimensão e duração dessas civilizações, suas obras de arte têm sobrevivido e pode ainda influênciar e ser foi transmitida a outras culturas e tempos mais tarde.
Outro grande salto no tempo, nos leva a europa ocidental. Lá vemos surgir a arte gótica, já na Arte pré-românica. Os monumentos construídos nessa época marcaram todo um modo especial de criar arquitetura e desenvolveu métodos preciosos e estilos definidos como sombrios e macabros. A Arte Bizantina e a gótica da Idade Média ocidental, mostraram uma arte que centrou-se na expressão das verdades bíblicas e não na materialidade. Além disto, enfatizou métodos que mostram a glória em mundos celestes, utiliando o uso de ouro em pinturas, ou mosaicos.
A Renascença ocidental deu um retorno à valorização do mundo material, bem como o local de seres humanos, e mesmo essa mudança paradigmática é refletida nessa arte, o que mostra a corporalidade do corpo humano, bem como a realidade tridimensional da paisagem. O que se classificou como da Arte Moderna surge desde a Grécia Antiga até meados do século XIX, todas as correntes de pensamentos artístico e filosófico trouxeram questões novas acima de seu estilo antecessor, de maneira formal em todos os casos, isto é, o debate sobre a Arte não tocava o conteúdo da representação, o que ela queria dizer, mas sim a maneira como se apresentava e os novos cânones a serem seguidos (cânones são mestres do ofício, como Leonardo Da Vince, por exemplo). Em todas as correntes manteve-se um vínculo com o status-quo, ou seja, a Arte sempre era tratada como um deleite de uma pequena elite econômica dominante, seja a nobreza ou o alto clero. Mudava-se a forma da Arte, mas mantinha-se seu vínculo com o poder.
Os ocidentais do Iluminismo no século XVIII faziam representações artísticas de modo físico e racional sobre o Universo, bem como visões de um mundo pós-monarquista. Isto reforçou a atenção ao lado emocional e à individualidade dos seres. O século XIX, em seguida, viu uma série de movimentos artísticos, tais como arte acadêmica, simbolismo, impressionismo, entre outros.
O aumento de interação global durante este tempo fez uma grande influência de outras culturas na arte ocidental. Do mesmo modo, o Ocidente tem tido enorme impacto sobre arte oriental no século XIX e no século XX, com idéias ocidentais originalmente como comunismo e Pós-Modernismo exercendo forte influência sobre estilos artísticos.
O Modernismo baseou-se na idéia de que as formas "tradicionais" das artes plásticas, literatura, design, organização social e da vida cotidiana tornaram-se ultrapassados, e que fazia-se fundamental deixá-los de lado e criar no lugar uma nova cultura. Esta constatação apoiou a idéia de re-examinar cada aspecto da existência, do comércio à filosofia, com o objetivo de achar o que seriam as "marcas antigas" e substituí-las por novas formas, e possivelmente melhores, de se chegar ao "progresso". Em essência, o movimento moderno argumentava que as novas realidades do século XX eram permanentes e iminentes, e que as pessoas deveriam se adaptar as suas visões-de-mundo a fim de aceitar que o que era novo era também bom e belo. No modernismo, surgiu vários estilos, os mais destacados são Expressionismo, Simbolismo, Impressionismo, Realismo, Naturalismo, Cubismo e Futurismo, embora tenham sido desenvolvidos diversos outros.
Atualmente, na Arte Contemporânea (surgida na segunda metade do século XX e que se alonga até os dias atuais), encontramos, entre outros estilos secundários, como a Pop Art. A pop art é completamente caracterizada como algo de humor e muito diferente da arte antiga, pois retrata, de maneira irônica, o que utilizamos nos dias de hoje, só que com outros tamanhos, ambientes e formas.
Trabalhar portanto, com as origens da Arte, requer a análise dos espaços e dos tempos históricos. O apanhado que ora fizemos mostra apenas um corte, um lado “ conhecido” do mundo, cabe então a cada um de nós investigar outras realidades durante muito tempo escondidas e que com certeza possuem sua própria história e sua própria magnitude.

QUESTÃO 08.

CONCEITUANDO ARTE HOJE.

Pois é... O que é arte? Esta frase sempre nos acompanha. Uma peça de arte pode ser linda pra alguém e ser um horror para um outro. Observar o performático artista panamenho (Exposição MAC;Dragão do Mar-2007) fotografado como um morto nas rochas da praia de Iracema ou lambedo um prato sujo, como um cacchorro abandonado, pode ser instigador e questionador da realidade urbana ou um exemplo de banalização da vida.
Penso que quando é arte pura, não “enrolação”, quando o artista é dotado de dom, de excelente técnica, de bom gosto e de espírito crítico sempre algo de bom estará a caminho. Jamais será um horror.
A Arte é um caminho para comunicar a emoção. A arte pode despertar sentimentos morais ou estéticos, e pode ser entendida como uma forma de comunicar esses sentimentos. Artistas expressam algo seu público  e esse público é despertado, em certa medida, mas eles não têm de fazê-lo conscientemente. Arte explora aquilo que é vulgarmente designado como a condição humana que é essencialmente o que é ser humano. Frequentemente traz qualquer nova visão relativa à condição humana individualmente ou em massa, o que não é necessariamente sempre positiva, ou necessariamente amplia os limites de capacidade humana. O grau de habilidade que o artista tem, irá afetar a sua capacidade de desencadear uma reação emocional e, assim, proporcionar novos conhecimentos, a capacidade de manipulá-las à vontade, mostra habilidade e determinação.
A Arte tende a facilitar a compreensão intuitiva, em vez de racional, e normalmente é, conscientemente, criada com esta intenção. As obras de arte são imperceptíveis, escapam de classificação, porque elas podem ser apreciadas por mais de uma interpretação. Tradicionalmente, os maiores sucessos artísticos demonstram um alto nível de capacidade ou fluência dentro de outras obras, por isso se destacam. A arte pode utilizar a imagem para comover, emocionar, conscientizar; ou palavras profundas para se apaixonar por um certo poema ou livro. Basicamente, a arte é um ato de expressar nossos sentimentos, pensamentos e observações. Existe um entendimento de que é alcançado com o material, como resultado do tratamento, o que facilita o seu processo de entendimento.
A opinião comum diz que para se fazer uma arte que tenha como resultado uma obra de qualidade, é preciso uma especialização do artista, para ele alcançar um nível de conhecimento sobre a demonstração da capacidade técnica ou de uma originalidade na abordagem estilística.
As críticas quanto à algumas obras, deve-se muitas vezes, segundo o crítico, à falta de habilidade ou capacidade necessária para a produção do objeto artístico. Habilidade e capacidade necessária para a produção do tal objeto são dois itens completamente importantes. No entanto, é importante definir que nem toda obra de arte vale através da arte. A montagem dos materiais de uma obra requer técnica e criatividade e também conhecimento. Um exemplo é um dramaturgo ter em mente que o material que usará para criar sua peça de teatro será a palavra e um aprofundamento sobre as personagens, o enredo e etc. Depois disto, basta usar toda sua criatividade e conhecimento para ir moldando o texto da peça.
É importante então que se analise as conceituações e definições a partir de alguns referenciais. Há quem defenda que definir um conceito é dizer em que consiste e caso não saibamos defini-lo dessa maneira também não estamos em condições de o utilizar adequadamente. Defender isto é o mesmo que dizer que há apenas uma forma de definir conceitos, o que não é o caso. Ao contrário do que é vulgar pensar-se, não existe apenas um tipo de definições. Sabemos utilizar perfeitamente o conceito «azul» sem que, no entanto, o possamos definir dessa maneira. Não o saber definir dessa maneira não é o mesmo que o não poder definir. Para compreendermos isso é preciso distinguir dois tipos de definições: definições explícitas e definições implícitas.
Para fundamentar mais ainda tal discussão nos remetemos ao conceito de estética. E o que viria a ser estética? O ramo da filosofia a que se dá o nome de estética inclui um conjunto de conceitos e de problemas tão variado que, aos olhos daquele que se inicia no seu estudo, pode parecer uma matéria demasiado dispersa e inacessível. Essa primeira impressão é compreensível, mas ultrapassável. Uma maneira de desfazer tal impressão é começar por esclarecer que a estética é a disciplina filosófica que se ocupa dos problemas, teorias e argumentos acerca da arte. A estética é, portanto, o mesmo que filosofia da arte.
Mas há um problema com esta forma de apresentar a estética: o termo estética não tem sido sempre utilizado nesse sentido. E isso não ocorre apenas em relação ao uso comum da palavra estética; ocorre também no interior da própria tradição filosófica.
Na tentativa de desfazer essa dificuldade, a estética é muitas vezes apresentada como a disciplina filosófica que se ocupa dos problemas e dos conceitos que utilizamos quando nos referimos a objetos estéticos. Só que isso pouco adianta se não soubermos antes o que se entende por objetos estéticos. Podemos, contudo, acrescentar que os objetos estéticos são os objetos que provocam em nós uma experiência estética. Mas, uma vez mais, ficamos insatisfeitos, pois teremos agora de saber o que é uma experiência estética. Resta-nos insistir e perguntar: - O que é uma experiência estética? Uma resposta possível, mas sem ser circular ― sem voltar ao princípio e afirmar que uma experiência estética é o que resulta da contemplação de objetos estéticos ―, é apresentar alguns exemplos daquilo que consideramos ser juízos estéticos, isto é, juízos acerca de objetos estéticos e que, portanto, exprimem experiências estéticas.
A estética é fundamental numa obra de arte. Vemos como exemplo a arquitetura com seus edifícios majestosos, grandes, esbeltos, o que faz com que as pessoas admirem. Assim é também com um bom conto, em questão de literatura, e com uma boa pintura. Como já foi falado, o material usado é o que irá mostrar a beleza da arte. É importante ter um estudo mais profundo sobre a estética. Conseguimos isso separando quais conceitos formam a estética, a começar pela beleza. A beleza é uma percepção individual caracterizada normalmente pelo que é agradável aos sentidos. Esta percepção depende do contexto e do universo cognitivo do indivíduo que a observa. O belo depende muito da sociedade e de suas crenças. Um exemplo disto é o quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral. Para ela, a figura do quadro era um monstro e para a maioria das pessoas. Mas por quê? Será que por que não corresponde ao padrão de beleza da nossa sociedade? Na época de Leonardo da Vinci, as mulheres eram tidas bonitas quando eram rechonchudas. Exemplo disto é a Mona Lisa.
Outro aspecto da estética é o equilíbrio. O equilibrio se encontra quando todos os elementos que compõe a imagem estão organizados de tal forma que nada é enfatizado, todos passando uma sensação de equilíbrio visual. O equilibrio é mais utilizado nas pinturas. O que influencia o equilibrio são as cores, as imagens, as superfícies, os tamanhos e as posições dos itens presentes na pintura, ou numa outra arte plástica.
Muitos são os elementos usados atualmente para não somente entender, mas também buscar uma conceituação. A harmonia por exemplo, é relacionada à beleza, à proporção e também à ordem. Um exemplo, é a música: todos os ritmos precisam estar bem delineados, bem ordenados para que haja uma harmonia, uma beleza no som. Quanto ao design, podemos definir harmonia como efeito da composição de formas, não de maneira aleatória, mas de modo que contornos e enchimentos sejam bem definidos, variando segundo um grau de importância pré-estabelecido e se relacionando ao esquema geral da organização do objeto. Este objeto pode ser um quadro, um site, enfim, qualquer entidade que esteja sendo composta por partes (engrenagens) menores.
Na escultura e na arquitetura, a forma também é uma das coisas mais importantes. Nas esculturas de Michelangelo, ou nas de Rodin, como, por exemplo, Davi, notamos que é um ser ali esculpido e este ser possui um corpo. Portanto, a forma do corpo precisa ser bem definida, bem adquirida para que se assemelhe a um corpo humano. No entanto, se o escultor for esculpir um monstro, como exemplo, é preciso haver a mesma coisa, embora ele tenha em mente um corpo totalmente diferente do comum. O que define uma obra como estéticamente bonita e importante, além dos recursos que fora usado nela e de suas técnicas, é também seu valor.
Uma outra característica da arte é o valor. Esta vem depois de sua realização pelo artista. É quando já está exposta ao público. Aqui, não é discutido especialmente a estética, e sim o valor relacionado a importância da obra, segundo a maioria. Podemos exemplificar esse raciocinio com a seguinte pergunta: por qual motivo o quadro Mona Lisa tem um grande valor? Ou até mesmo: por que as obras de Shakespeare são tão famosas e tidas como as melhores do mundo? E até: por que várias músicas do Beatles são tão prestigiadas? Para começar, é importante relacionar quais elementos tornam uma obra de arte tão glamurosa. Quanto à Mona Lisa e as peças de Shakespeare, podemos notar algo semelhante: um elemento novo até então. Por exemplo: na Mona Lisa, há o sfumato. Nas peças mais famosas de Shakespeare, há técnicas ímpares para o teatro, como, p. exemplo, em Hamlet: o teatro no teatro. As músicas dos Beatles possuem ritmos e melodias pioneiros. Mas será que é apenas um elemento novo que faz uma obra ficar em destaque?
Além da distribuição e divulgação de uma obra, coisas que contribuem bastante para a sua fama, há também um outro item: a forma como a obra é criada e, assim, como ela sobrevive depois de anos. Este item é mais aplicado na literatura, onde diversos romances permanecem prestigiados mesmo depois de muito tempo escritos, por terem um valor social e emocional ainda muito presente no ser humano, como as peças de Shakespeare. Além disto tudo, quando uma obra influencia outras por conter coisas novas e quando essa mesma obra possui aspectos que atraiam o espectador por algum motivo (seja motivacional, de reflexão, ou outro), ela então se torna valiosa pelos que gostaram.
Voltamos então ao início de nossa conversa. O que é arte? E no nosso caso de educadores qua atuamos na escola básica? Como trabalhar tais fundamentos com a realidade social que vivenciamos? Acredito que um dos caminhos é a reflexão. Refletir sobre nossas práticas. Refletir sobre nossas convicções e crenças. Refletir sobre nossa postura política. Vivenciar experiências estéticas.

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