" Eu nem sei dizer o tanto de vergonha alheia que me deu o discurso de posse da regina duarte. Ela conseguiu ser patética, piegas, risível, e ao mesmo tempo irritante, com seu puxa-saquismo repulsivo, seus trejeitos exagerados e cafonas, suas metáforas pobres e suas insistentes referências militares (chegou a dizer que estava se "apresentando para a missão" e a bater continência).
E ainda teve a desfaçatez de citar Samba de Orly, do Chico Buarque ("antes que um aventureiro lance mão"), dizendo que foi incentivada por amigos a aceitar o cargo para evitar que alguém menos apto o fizesse. Mano: ela fez menção a uma canção que remete à dureza do exílio imposto pela ditadura em um discurso proferido para alguém que elogia torturadores. Não sei se é falta de noção ou maldade mesmo.
Falou do "pum de talco que sai do traseiro do palhaço" (talvez por saber que seu "amigo" bolsonaro tem uma fixação que beira a patologia por referências escatológicas) e concluiu: "porque cultura é isso. É palhaçada". E a arte circense, que tem tradição e ciência, e uma longa história de resistência, fica assim reduzida a um peido.
Por um momento me perguntei por que diabos o Brasil, durante tantos anos, admirou uma atriz tão medíocre, que só alcançou algum remoto brilho em papéis histrionicos.
Mas, pensando bem, ela é mesmo a cara do brasil, desse brasil menor, apequenado, que se engana sobre si mesmo e quer ser enganado, que desconhece a riqueza do seu chão cultural. Um brasil que não frequenta museus, mas enche a boca pra dizer que isso ou aquilo não é arte. Que não lê, mas faz lista de livros a serem proibidos. Que, se tem um pouco mais de estudo e uma condição financeira melhor, despreza o carnaval e o futebol e enche a sala de estar com quadros do romero britto. Um brasil que a cada dia me causa mais aversão.Felizmente pra nós, Cultura não é palhaçada; é resistência, e vai sobreviver a mais esse desastre."
Por: Simone Adami.
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