Airton de Farias*
O texto difundido por Jair Bolsonaro em grupo de WhatsApp está mais para
uma justificativa de (auto) golpe que como sinalização de renúncia.
Nas entrelinhas, uma mensagem: como a "velha" política não funciona, o presidente deseja fechar tudo e implantar uma regime de força, que “moralize” a nação e traga o “progresso e desenvolvimento”.
Nas entrelinhas, uma mensagem: como a "velha" política não funciona, o presidente deseja fechar tudo e implantar uma regime de força, que “moralize” a nação e traga o “progresso e desenvolvimento”.
Mergulhado em trapalhadas do Twiiter, com acusações de corrupção e envolvimento de familiares com milícias, o presidente derrete.
Como salva-vidas, buscaria a radicalização do enfrentamento político, para desviar o foco de sua incompetência e, talvez, a força?
Outros governantes deste País antes buscaram justificavas pra implantar ditaduras - Deodoro da Fonseca fez em 1891 (fracassou e renunciou), Vargas também, em 1937 (implantou a ditadura do Estado Novo, usando como pretendo uma falsa ameaça comunista do Plano Cohen) e Jânio, em 1961 (renunciou com o fracasso da manobra).
O chamado às ruas de seus apoiadores para dia 26 pode servir de termômetro para a aventura autoritária de Bolsonaro.
Muita ingenuidade não perceber como há uma gravíssima ameaça à nossa capenga democracia. A tempestade perfeita. Inflação voltando, recessão chegando e o caos político ante um governo totalmente inoperante.
Bolsonaro se isola no poder com seus filhos e os mais radicais ideólogos.
Vários de seus apoiadores estão saltando fora (os liberais, por exemplo) e há um evidente silêncio constrangedor de setores militares, que inabilidosamente vincularam a imagem das Forças Armadas ao governo Bolsonaro. A instituição também está sendo arranhada – não por acaso todo o esforço do vice Mourão em se apresentar como “equilibrado”.
Até o Lobão pulou do bolsonic.
Muita gente avisou: as manobras do impeachment de 2016 e o sistemático desrespeito a princípios elementares de um Estado de direito por segmentos do judiciário (leia-se Lavo Jato), com a satanização da política e das instituições, iriam custar muito caro ao Brasil.
A conta está chegando e o valor é alto e amargo.
Professor e Historiador Cearense.
Nenhum comentário:
Postar um comentário