sábado, 27 de abril de 2019

Defensores(as) da Democracia - Maria do Carmo Moreira Serra Azul

Maria do Carmo Moreira Serra Azul - Grande defensora da Democracia, presa e torturada pelos covardes da Ditadura militar - civil. Cearense.
 
Fez a Passagem ontem dia 26 de abril.

(...) Teve seus seios desfigurados com alicates. Murros, enforcamentos e chutes eram os momentos mais brandos da tortura; ameaças de estupro eram constantes, um dos torturadores masturbava-se durante as sessões e ejaculava em seu corpo, enquanto os outros excitavam-se com a cena e a “pediam em namoro”. Colocavam cachorros ferozes sobre o seu corpo no chão, a levavam para outras salas para assistir outras cenas de torturas de seus amigos também presos(...)
 
" Iniciou sua militância aos treze anos de idade, na JEC – Juventude Estudantil Católica. Tais grupos vinculados a Igreja deram posteriormente origem a organização clandestina AP – Ação Popular, Grupo que Cacau, já sem vínculo com a igreja, junto com suas Irmãs Iracema e Helena, passou a fazer parte do movimento estudantil secundarista;

Em 1968, foi da diretoria dos estudantes secundaristas do Estado do Ceará – CESC. Neste mesmo ano, participou ativamente da revolta das saias, movimento de repúdio a diretora Adisia Sá que apresentava posturas fascistas e de perseguição dentro da escola. O movimento tomou as ruas da cidade, sendo considerado a maior revolta feminina da América Latina da Época.

Em 1970, foi detida e interrogada, passando por forte tortura psicológica, dentro da Escola Normal pela Polícia Federal devido a suspeita de ligação com o PCBR;
Em 1972, foi presa e brutalmente torturada pela equipe da OBAN: DOI-CODI comandada pelo Fleury por encontrar-se relacionada em uma “lista” do II Exército de São Paulo entre os procurados pelo Brasil na regional Nordeste. Pessoalmente torturada por Fleury, passou 15 dias sob torturas brutais: nas sucessivas sessões tiravam-lhe a roupa por completa e nua, era levada a uma sala lotada de homens, alguns que a torturavam fisicamente e outros que assistiam em gozo o massacre, dentre eles um médico que tinha a função de dizer até onde ela aguentava para que as sessões continuassem ou fossem adiadas para o dia seguinte, tendo tido três paradas cardíacas devido aos choques e afogamentos. Cacau teve que ser “ressuscitada” por três vezes pelo médico presente.



Teve seus seios desfigurados com alicates. Murros, enforcamentos e chutes eram os momentos mais brandos da tortura; ameaças de estupro eram constantes, um dos torturadores masturbava-se durante as sessões e ejaculava em seu corpo, enquanto os outros excitavam-se com a cena e a “pediam em namoro”. Colocavam cachorros ferozes sobre o seu corpo no chão, a levavam para outras salas para assistir outras cenas de torturas de seus amigos também presos. Seu companheiro José Machado Bezerra, foi torturado várias vezes em sua presença: “a sala fedia a urina e sangue”; suas irmãs e cunhados também foram presos e torturados, como também os sobrinhos (Manuel Carlos – nasceu na prisão sob tortura e lá permaneceu por 8 meses, Ernesto e Andréia foram sequestrados com menos de 5 anos de idade).


Depois de solta passou anos sendo perseguida, ameaçada de morte e impedida de terminar os estudos e de assumir concursos públicos. Formou-se em Economia pela UFC  e ingressou na SEFAZ."

Fonte:https://asminanahistoria.wordpress.com/2016/05/03/maria-do-carmo-moreira-serra-azul/ 

Que sua História jamais seja esquecida. Que sua trajetória seja contada às gerações de hoje e futuras também. Que não somente os homens, mas principalmente as jovens mulheres atualmente saibam, compreendam e percebam que grande parte das conquistas e direitos legítimos que parecem tão comuns foi fruto da luta de mulheres como Maria do Carmo Moreira Serra Azul. O mundo, o Brasil e principalmente o Estado do Ceará ficam mais carentes de criticidade, beleza, sonhos, mais carente de coragem e de autenticidade. É uma grande perda principalmente nestes tempos onde uma onda fascista busca quer destruir a a jovem e frágil democracia brasileira.

 

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