quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

" Cidadãos de bem" assassinos.

Senhores e senhoras, o miolodohenrique é um espaço para expor ideias; é um espaço de denúncias; é um espaço para reflexões.

Divulgamos nesta ocasião, uma breve análise feita pelo professor Leandro Karnal, de mais um crime ocorrido na cidade de São Paulo, onde dois " jovens cidadãos de bem" tentam agredir um travesti e como não conseguem, perseguem e agridem até a morte um homem que tentou defendê-lo.    
   
"Dois homens agrediram travestis. Um ambulante defendeu as vítimas e foi espancado até a morte, em pleno metrô de SP. Detalhe importante: Chutaram o homem muito e depois de alguns segundos, voltaram para chutar mais. Não foi apenas um impulso, um momento, mas um ódio estrutural. Ate aí, infelizmente, crimes de transfobia e de ódio são muito frequentes. Pouco há a acrescentar à imbecilidade do humano. Mas um dos algozes de Luiz Carlos Ruas disse que não se considerava uma pessoa má, que era do "bem". Os assassinos Alípio Rogério Belo dos Santos e Ricardo Martins do Nascimento talvez pertençam a esta omissão do eu que marca nosso mundo líquido. Agridem travestis espancam um trabalhador até a morte mas... não se consideram maus ou dignos de punição. Há muitas questões envolvidas. Voltamos à banalidade do Mal que a grande Hannah Arendt descreveu. Se a vítima fosse a travesti e não um vendedor casado haveria a mesma comoção? Estamos perdendo todo a noção de responsabilidade diante dos atos? Estamos decidindo quem são as pessoas que merecem luto e as que não merecem? Será que racistas, homofóbicos, transfóbicos, espancadores de mulheres e outros quejandos se consideram pessoas de bem? Será que aquele cometa do filme Melancolia estaria muito longe?"

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