quinta-feira, 6 de abril de 2023

Um olhar sobre a humanidade.

Muros mais altos, detector de metal e policia armada; nada disso trará mais segurança para dentro das escolas e demais espaços de convivência. A violência, o ódio, os preconceitos, a intolerância, o assédio, o estupro, os assassinatos e demais abominações estão nas ruas, estão dentro de casa, estão disseminados pela sociedade como um todo. A humanidade está no limite entre a sanidade e a barbárie total. Ou paramos para conversar, para nos ouvir, nos ver e nos perceber ou nos destruiremos. Não serão penalidades mais rígidas como a de morte, por exemplo, que fará esta nefasta realidade cessar.

Sempre existiu e sempre existira conflitos entre os seres humanos, pois somos diferentes não apenas fisicamente mas, principalmente nas formas de pensar e interpretar o mundo. No entanto, o que estamos vivenciando nestes últimos tempos extrapola os limites da discordância e das divergências saudáveis. Estamos diante de uma horda crescente de criaturas dispostas a matar outros seres humanos só e somente só por não concordarem com suas ideias. E tudo começa com a fala, a expressão oral, o discurso. A internet com suas redes "antissociais" deu visibilidade a estes excrementos humanos e suas visões distorcidas da realidade. Sempre existiram, mas agiam no anonimato e agora reúnem em mamada de criaturas de mentes doentes que se alimentam de tais pensamentos.

Atualmente existe um grande debate acerca da linha tênue entre liberdade de expressão e discurso de ódio. O primeiro é fundamental para uma democracia existir, o outro, por sua vez, representa uma fala intolerante, sem empatia e que potencializa os maios diversos tipos de preconceitos.

Sendo assim, existe a necessidade de se compreender o que caracteriza um discurso de ódio e quão prejudicial ele pode ser para uma sociedade democrática e eticamente humana. 

Os discursos de ódio se apresentam com ideias que incitam a discriminação racial, social ou religiosa em determinados grupos, na maioria das vezes, as minorias e também pode ser caracterizado como  manifestações de ódio, desprezo ou intolerância contra determinados grupos, motivadas por preconceitos. São conceitos ainda em construção. O que realmente deve ser objeto de nossa reflexão é identificar os motivos e as razões que estão levando a humanidade para estes caminhos de degredo.     

Um dos exemplos mais terríveis da bestialidade humana motivada por ódio foi o regime nazista, que perdurou durante a Segunda Guerra Mundial e pregava, dentre outras ideologias, o antissemitismo (ódio e preconceito contra os judeus). Este é um exemplo mais duro — por se tratar de um regime totalitário —, mas que nos mostra que este discurso já pôde alcançar proporções inimagináveis, bem como perdas incontáveis e irreparáveis. O discurso de ódio nasce nessas singularidades e particularidades humanas como a origem e identidade de gênero/orientação sexual, como se estas rebaixassem o indivíduo e o tornassem menos ser humano do que alguém que não está em uma dessas “classificações”. Essa hierarquização de seres humanos, levando especialmente em consideração aspectos biológicos, foi classificado pela literatura especializada como eugenia

As considerações ora feitas buscam tentar nos chamar a atenção para as maneiras como nós estamos nos tratando mutuamente. São reflexões carregadas de medo, mas também de esperança. 

Nossa caminhada pelo mundo é feita de encontros e desencontros e principalmente de relações; essas relações por sua vez se dão nos mais diversos lugares e a internet, assim como qualquer outro espaço ou ferramenta, pode ser usada para potencializar boas e más ações. Por se tratar de um espaço imenso, muitas pessoas acreditam que a internet é terra sem lei, ou seja, que é permitido agir da maneira que lhes convém, sem lidar com as consequências. Por isso é comum vermos comentários intolerantes nas redes sociais. E é na internet que indivíduos fanáticos e embriagados pela ignorância se reúnem e se unem em torno de tais ideias e ideais doentios.

Temos que nos reconectar não somente pelas infovias mas, principalmente pelo olhar, pela beleza nas rodas de conversa e pela defesa da vida.



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