O que faz nosso olho brilhar? O que desperta nossa atenção? O que faz a gente sonhar? O que impulsiona nossos desejos?
Pitágoras nos diz que somos mortais diante dos temores mas, somos imortais por nossos desejos. E, logo depois dele Sócrates afirmou que tendo o mínimo de desejo chega-se perto dos desuses. No entanto, se contrapondo a ambos Epicteto já pensa diferente e declama: desterra de ti os desejos e nada terás que ti tiranize.
Sim, independente dos desejos nos conduzir à busca ou nos aprisionar na mesma é necessário que os observemos e os entendamos. Nossa busca eterna pela felicidade pode ser orgânica ou carregada de fetiches, no pensamento de Guy Debord. Fetiches esses criados e pensados por outrem. No mundo-mundo de hoje onde as mercadorias ganharam vida e o mundo virtual se tornou real para grande parte das pessoas, tais desejos e sejam eles quais forem, estão viciados e carregados de intencionalidades pré-fabricadas.
Assim o sendo, chamo a atenção para o trabalho pedagógico em sala de aula e, em particular o espaço da escola pública nos rincões dos sertões e nas periferias das metrópoles. Neste lócus encontramos crianças, adolescentes e jovens com seus desejos, necessidades e vontades.
E, quais são os desejos da incipiente juventude nesta segunda década do século XXI? O que buscam? O que querem? Não sei responder a tais inquietudes, mas de uma coisa eu sei, percebo, sinto: não é a escola um dos lugares de busca. A pseudocultura do imediatismo e da ostentação efêmera e volátil esta dominando. É um grande desafio para os(as) professores(as) mostrar que o mundo virtual não é real e que o que o que queremos consumir nem sempre é o que realmente necessitamos.
Há uma aura de inquietude no ar. Mas, não um incômodo reflexivo e transformador da realidade e sim, uma busca por satisfazer vontades construídas sobre aparências. Então, glamuriza-se os objetos e sexualiza-se ao máximo o corpo; corpo este que precisa estar "harmonizado".
Ostentar é moda da vez. Exibir roupas, bebidas, carros e cordões de preferencia bem grossos é o que pode me tornar visto e admirado. Não importa se não tenho uma casa própria para morar e a comida seja pouca e ruim. Eu, estando bem na selfie é o que interessa. E a forma de atingir este mundo de aparências e de objetos tem que ser a mais rápida possível.
É onde as atividades ilícitas com cara de aventura, conquista.
E, a Escola, está quase sozinha.
...Continua...
Henrique Gomes de Lima - Aprendiz de Professor, há 24 anos.
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