quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Evangélicos terríveis.

Por: Plinio Bortolotti *

A Igreja Católica no Brasil sempre teve atuação política, mas nunca almejou governar o País. Nisso diverge dos evangélicos, como é o caso da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), que tem um “plano de poder”, dispondo de uma poderosa rede de TV, uma concessão pública, a serviço de seu propósito.

Escrevi dois artigos sobre o assunto em meu blog. Um deles, “Bispo Macedo quer tomar o poder e diz que foi Deus quem mandou” (14/5/2009), comentando o livro “Plano de poder – Deus, os cristãos e a política”, no qual ele escreve que a Bíblia é também “um livro que sugere resistência, tomada e estabelecimento do poder político ou de governo”. O outro, “Plano de poder da Igreja Universal está em marcha” (6/11/2016), quando Marcelo Crivella venceu a eleição para a Prefeitura do Rio.

A pesquisadora Christina Vital, da Universidade Federal Fluminense (UFF), estudiosa da atuação política dos neopentecostais, em entrevista do jornal Folha de S. Paulo (31/10/2016), afirma que chegar à Presidência da República é uma estratégia dos evangélicos para barrar no Supremo Tribunal Federal (STF) temas de interesse das minorias, como questões de gênero, homossexualidade, aborto, conceito de família, entre outros assuntos da pauta conservadora.

Nas eleições do ano passado, as principais denominações neopentecostais apoiaram a eleição de Bolsonaro. Recentemente, Edir Macedo, chefe da Iurd, afirmou que o presidente foi “escolhido por Deus para fazer o país mudar”.

O católico Augusto Aras, indicado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, para assumir a Procuradoria Geral da República, foi o único entre os candidatos que decidiu assinar uma carta da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure) comprometendo-se com “valores cristãos”. Antes, Aras havia feito a via-sacra, expressando opiniões agradáveis ao capitão, obrigatória para ser ungido por Bolsonaro.

Além disso, o presidente também prometeu nomear para a próxima vaga no STF, alguém “terrivelmente evangélico” para mimar seus adeptos religiosos, na direção do plano de poder planejado pelo bispo Macedo.

* Colunista e diretor institucional do O POVO.

Nenhum comentário:

Postar um comentário