quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Ah, Geografia: Para quê? Para quem? Como fazer e como não fazer.



Por: Henrique Gomes de Lima.* 

Só amamos o que conhecemos e só podemos nos educar em comunhão. Assim sendo, é a Geografia uma das áreas do conhecimento que pode contribuir para uma práxis verdadeira, orgânica e consciente. E realizar tal tarefa não é para qualquer indivíduo. A licença concedida pelo diploma universitário nem de longe garante uma prática reflexiva. 

Fazer Geografia é ter muito claro sua finalidade, é saber que o conhecimento geográfico tira “a remela” dos olhos, o excesso de cerume dos ouvidos, as travas da língua, o “ceroto” da pele e ainda ajuda a rasgar o véu da ignorância. Devemos fazer Geografia para que as pessoas consigam sentir o cheiro dos lugares, o som das palavras ou perceber os espectros que escondem a realidade.   

E a quem deve servir essa Geografia? Aos homens e às mulheres livres e não livres; aos jovens, às crianças e aos idosos. Às comunidades, aos guetos, às diversas tribos sejam do campo, da cidade ou da floresta. E deve dirigir-se ainda principalmente para quem não a quer. 

Essa Geografia é feita quando oportunizamos aos estudantes a pedagogia do encontro e do diálogo. É uma Geografia feita com sons, cheiros, sabores, movimentos e pausas. Ela deve levar-lhe para caminhar com os cegos e com estes tocar os elementos, dançar com o hiperativo e sorrir com o down.   

Façamos uma Geografia da vida que possa correr pelo corpo como correm os rios pelas entranhas da terra; que faça das palavras soltas ideias que coloquem a sociedade para tremer e que as imagens cambiantes das paisagens sejam percebidas como a simplicidade do arrepio da pele.

 
        *Professor de Geografia, simplesmente.            

Um comentário:

  1. Agora se me perguntarem para o que a geografia serve, saberei exatamente uq responder. Obrigada por ser essa pessoa incrível e espontânea professor Henrique.

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