A licença emitida pela universidade para exercer o magistério é apenas uma das condições que o(a) indivíduo(a) que pretende ser professo(a) deve buscar adquirir. O ser e o fazer-se professor (a) é uma decisão de vida, uma escolha política e uma busca diária. Esta convicção vem dos últimos vinte e três anos vividos nas escolas, ministrando aulas para crianças, adolescentes, adultos e idosos. E, baseado nesta prática digo que o fazer educação só se firma quando o(a) professor(a) busca construir sua práxis pedagógica de forma dialógica e sedimentada sobre a autenticidade, a aceitação incondicional e a empatia.
A educação deve ser para todos (as). Infelizmente ainda há
quem afirme que devemos ensinar só para quem quer. Digo exatamente o contrário.
Devemos buscar construir o conhecimento junto àqueles (as) que acham que não
querem e, principalmente junto aos que estão limitados por condições físicas,
psicológicas e/ou sociais. É neste instante que o(a) professor(a) precisa ser
reflexivo, um(a) observador(a) constante e crítico da sua própria prática.
Para que a educação atinja seus objetivos de promover a
liberdade do estudante, ensinando-o
a lidar de maneira orgânica com seu ambiente e a agir por si próprio, tornando-lhe
independente e ao mesmo tempo um ser coletivo, cabe a cada instituição de
ensino, aos profissionais e os órgãos governamentais pesquisar, desenvolver
formas, estratégias e práticas que consigam não somente acolher, mas,
oportunizar a cada estudante uma aprendizagem significativa.
Lecionar é para fortes. Lecionar é para quem sangue no olho. Lecionar é para quem acredita.
Acredito que uma educação feita de forma holística pode alcançar a formação de um sujeito
ativo como um ser ético, histórico, crítico, reflexivo, humanizado e
transformador do espaço onde está inserido.
Só amamos
o que conhecemos e só podemos nos educar em comunhão. Assim sendo, o conhecimento que pode contribuir para uma práxis
verdadeira, orgânica e consciente. E realizar tal tarefa é muito difícil e
desafiador. Fazer Ciência é ter muito claro sua finalidade, é saber que o
conhecimento tira “a remela” dos olhos, o excesso de cerume dos
ouvidos, as travas da língua, o ceroto da pele e ainda ajuda a rasgar o véu da
ignorância. Devemos fazer uma ciência para que as pessoas consigam sentir o
cheiro dos lugares, o som das palavras ou perceber os espectros que escondem a
realidade. E a quem deve servir essa Ciência? Aos homens e às mulheres
livres e não livres; aos jovens, às crianças e aos idosos. Às comunidades, aos
guetos, às diversas tribos sejam do campo, da cidade ou da floresta. E deve
dirigir-se ainda principalmente para quem não a quer. Conforme já disse
anteriormente.
Essa pratica científica é
feita quando oportunizamos aos estudantes a pedagogia do encontro e do diálogo.
É uma Ciência feita com sons, cheiros, sabores, movimentos e pausas. Ela deve
levar-lhe para caminhar com os cegos e com estes tocar os elementos, dançar com
o hiperativo e sorrir com o down.
Façamos uma Escola para a vida; para que possa correr pelo corpo como correm os rios pelas entranhas da terra; que faça das palavras soltas ideias que coloquem a sociedade para tremer e que as imagens cambiantes das paisagens sejam percebidas como a simplicidade do arrepio da pele.